Vacinação indevida: da esperança à vergonha

Francisco Ramos, ex-coordenador do Plano Nacional de Vacinação Contra a Covid-19

O processo de imunização contra a covid-19 está manchado por um número galopante de casos em que as vacinas terão sido dadas de forma irregular. Entre os prevaricadores, a justificação é comum: não desperdiçar. A polémica levou à demissão do coordenador do plano nacional de vacinação.

Casos de Norte a Sul
Um diretor do INEM que vacinou funcionários de uma pastelaria (no Porto), um administrador de um hospital de Famalicão que inoculou a mulher e a filha, uma presidente de câmara (em Portimão) que se autoincluiu na lista. O leque de casos engrossa a cada dia.

Ministério manda fazer listas de suplentes
Já com a polémica em crescendo, o Ministério da Saúde determinou que a task force responsável pelo processo reforçasse instruções para que houvesse de antemão uma lista de suplentes, de acordo com as prioridades definidas pelo plano de vacinação.

A 30 de janeiro em entrevista à SIC Notícias, quando ainda estava em funções:

“Não é competência nem preocupação da task-force andar à procura de quem faz batota”
Francisco Ramos
(Ex-)coordenador do Plano Nacional de Vacinação Contra a Covid-19

3 de fevereiro:
Renuncia ao cargo “por irregularidades detetadas pelo próprio no processo de seleção de profissionais de saúde no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa (HCV), do qual é presidente da comissão executiva”. É substituído pelo vice-almirante Gouveia e Melo, até aqui número dois da task force. Também o diretor clínico e a enfermeira-chefe do HCV se demitiram.

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O número de doses que é possível extrair de cada frasco-ampola da vacina da Pfizer (numa fase inicial, julgava-se que seriam apenas cinco). Esta foi uma das explicações avançadas pelo INEM para justificar a existência de doses excedentárias.

Utilização indevida pode ser punida criminalmente
O Ministério Público já está em campo para investigar vários casos de alegada toma indevida da vacina. Em causa, poderão estar crimes de abuso de poder, recebimento indevido de vantagem, peculato ou apropriação ilegítima.