Um espaço arquitetónico que se funde com a paisagem

A imponente estrutura vertical do edifício “rompe com a horizontalidade de todo o rés do chão”

Inspirada na Natureza, a obra desenvolvida pela Artspazios, em Viseu, foi destaque em diversos sites especializados e nomeada para prémios. É uma aclamação à serenidade e sobriedade.

O cliente sonha, a obra nasce. Começou assim o projeto EV House, em Repeses, Viseu, pela mão dos arquitetos Liliana Costa e André Oliveira. O resultado é uma casa nomeada para Obra do Ano 2021 pelo ArchDaily Brasil, um importante site de arquitetura, e referenciada em publicações especializadas. Os clientes queriam “renovar a forma de vivenciar a casa”, conta a sócia-fundadora da Artspazios. O foco na experiência humana e na Natureza foi vertido num edifício que apela à serenidade e ao silêncio.

Da ideia à finalização, foi ano e meio de trabalho e o produto final é uma obra que se destaca na paisagem, não pelo choque, mas pela subtileza com que o edifício se funde com a Natureza. E o mote para o projeto partiu daí. A inspiração no horizonte, nas serras e na paisagem em redor foi responsável pela “serenidade e sobriedade” que os arquitetos procuraram deixar na obra.

A comunicação entre o interior e o exterior foi outro dos pontos fulcrais para o projeto. Liliana Costa sublinha a intenção de tornar comum a linguagem das duas dimensões, “como se não tivesse a barreira de vidro a separar os espaços”. Era vontade dos clientes “ter uma casa que se ligue e funda com o exterior”, realça, e daí surgiram os espaços interiores amplos, com vista e abertura para o jardim. “Os espaços de estar exteriores foram projetados como zonas de relaxamento e contemplação de paisagens como a Serra da Estrela e do Caramulo”, acrescenta a arquiteta responsável pelo projeto.

A imponente estrutura vertical do edifício “rompe com a horizontalidade de todo o rés do chão”, explica Liliana Costa. A garagem surge logo abaixo da piscina que, por sua vez, é uma continuação do jardim exterior, ao nível da casa. O primeiro patamar do edifício confunde-se com a linha do horizonte e, num dos lados, surge o alto que dá origem à parte central. Esta dinâmica de dimensões permitiu “vivências únicas com a luz solar” e um destaque para o “coração da casa”, a sala de estar, indica a arquiteta.

Entre linhas retas, cores terrosas, materiais e decoração, todos os elementos compõem um resultado final que apela à tranquilidade. Liliana Costa destaca a priorização da experiência humana. A todo o processo criativo da obra está associada a procura de sentir e exprimir emoções, “desde a forma dos espaços, à luz, cores e texturas até à escolha do mobiliário e plantas”.

A primeira grande dificuldade, neste e noutros projetos, é alcançar a imagem pretendida pelo cliente, “despertar as emoções” e surpreender. No final, passar do papel à ação é o desafio. “Construir e concretizar os espaços desejados” é a prova mais dura do processo.

Apesar de ainda ser cedo para a Artspazios ter uma “identidade” a marcar todas as obras, Liliana Costa afirma que um denominador comum é a procura do “silêncio”, uma “tentativa de sobriedade nas propostas que valoriza espaço para emoções”.