Projeto da Traçado Regulador é um imóvel que pode ser uma ou duas habitações. Inspirado na paisagem envolvente, o edifício promove dinâmica entre espaços interior e exterior.
É um projeto singular. De uma casa podem fazer-se duas. Basta abrir – ou fechar – uma porta de correr situada no meio do edifício e, tal como uma casa de bonecas, altera-se o espaço. É no concelho de Mangualde, Viseu, dissolvida na paisagem e na Natureza envolventes, que nascerá uma casa mutável.
O pedido foi feito por uma família que tem um elemento mais velho a precisar de apoio quotidiano e, ainda assim, quer manter a privacidade de todos. Cada um terá a sua casa, mas estão à distância de uma porta amovível. O projeto, desenvolvido pela Traçado Regulador, ainda não ganhou forma física, mas o estudo prévio, com imagens hiper-realistas, deixa a imaginação funcionar.
O acesso é feito separadamente a cada casa, através de entradas distintas. A qualquer momento, as duas habitações podem tornar-se numa única. Há uma porta de correr, impercetível num dos corredores, que assegura a divisão do imóvel. “Quando abre, a porta fica dissimulada. Quando se fecha, cada casa é única e não se percebe qualquer divisória.” João de Sousa Rodolfo, arquiteto e CEO da Traçado Regulador, sublinha a importância de “a casa ser lida como uma só”. E, quando se divide, a privacidade de ambos os espaços fica totalmente assegurada.
“Outro traço diferenciador é a grande extensão num único piso térreo”, assinala o arquiteto. Foi a localização, no interior do país, que proporcionou a ampla casa térrea.
A dinâmica entre espaços é inegável. A vivência interior é rica e mantém uma forte relação com o exterior. Os vãos envidraçados até ao teto concorrem para a continuidade entre espaços, numa casa que vive da Natureza circundante. “O olhar é constantemente convidado para a paisagem”, garante o arquiteto. O desenho da habitação é marcado também por “muitos acidentes”, sombras, transparências e luzes.
A arquitetura contemporânea é visível nas formas geométricas e nos materiais usados. O objetivo do gabinete de arquitetura é “ir buscar as características locais”, materiais e cores da região, “sem as mimetizar”. A fachada, com pedra granítica e de cor branca, reflete as construções das aldeias de Mangualde.
A luz natural é abundante, “uma característica comum aos projetos” desta empresa criada em 1997. “Para nós, que os produzimos, é mais difícil reconhecer, mas as pessoas apercebem-se de traços comuns”. Outra das preocupações nos trabalhos da Traçado Regulador é a eficiência energética. “Marcas não visíveis” que fazem a diferença.
No final, João de Sousa Rodolfo mostra-se orgulhoso do projeto, que conjuga o respeito pelas necessidades do cliente, a identidade do lugar e a contemporaneidade da Traçado Regulador.