Tatuagens de linha fina são tendência. São as mais procuradas para quem se quer estrear e deseja perpetuar momentos ou homenagear familiares.
No verão, os corpos desnudam-se e servem de tela para mensagens especiais através de tatuagens que, nos dias que correm, se veem singelas à flor da pele. Minimalismo e linhas finas estão em voga e há quem se tenha especializado nessa técnica, apurando a precisão na hora de atuar.
Sem tremer ou hesitar, no espaço Arte & Amor Tattoo, no Campo Grande, em Lisboa, o tatuador João Gonçalves dá forma ao pedido de cada cliente. O artista criou o seu próprio estilo e, atualmente, pega “em fotografias familiares para eternizar momentos, tudo sem registo de rostos”, explica. Todos os seus traços -maioritariamente a pigmento preto – “têm um significado” e podem ser de pais com os filhos, de crianças, de avós, mas também de animais de estimação. Nesse caso, muitas pessoas escolhem inscrever o formato das orelhas dos animais de quatro patas. João nem sempre trabalhou desta forma, mas os pedidos acabaram por apontar-lhe o caminho.
Katryn Kischlat era jornalista no Brasil, mas quando chegou a Portugal, para onde se mudou com o marido, Thiago Pinhas, que já era tatuador, acabou por trocar de profissão. Atualmente, é umas das profissionais do estúdio Zero22, próximo da Praça do Marquês, no Porto, e as letras que escrevia em sites e blogues noticiosos passaram a ser feitas na pele de quem a procura. “Estou a especializar-me em tatuagens escritas de linha final. Faço tatuagens de palavras e frases delicadas”, descreve. Katryn recebe “muitas pessoas para fazer a primeira tatuagem” que, “por causa do medo de se arrependerem e também das agulhas” agora escolhem tatuar o nome ou data de nascimento dos filhos. “Assim fazem uma primeira tatuagem de que nunca se vão arrepender.”
Muito minucioso é também o trabalho de Tácio Amaral, na Rua 6, em Espinho, onde se especializou em “linhas finas, minimalistas e bem simples” e no microrrealismo. Por norma, este tipo de tatuagem não fica tão caro e, como reconhece o profissional, é visto “quase como um acessório estético”. Diz que “as tattoos escritas são muito comuns e há muitas homenagens para os avós”.
Em São João da Madeira, Läetitia recebe clientes de todo o país. Prefere vê-los “como pacientes” com histórias que a inspiram, como a jovem a quem o pai escrevia muitas cartas. “Todas terminavam com um ‘xi coração’ e foi o que lhe tatuei no peito”, conta Läetitia. A par das opções mais minimalistas, desenvolve ilustrações e sketches que passa para os corpos. As “minimal inks” são mais pedidas por mulheres, mas a anfitriã nota que “há também mais homens a querer” inscrições simples. Embora o preto prevaleça, os desenhos podem levar cor, com o vermelho e o branco a somarem-se nas preferências.
Por serem “bastante delicadas”, as tatuagens de linhas finas exigem o rigoroso cumprimento das recomendações. Entre elas, “passar a pomada cicatrizante durante 15 dias”, sublinha Katryn Kischlat, sugerindo ainda que se evite “exposição solar e imersão em água (praia, piscina, banheira) durante um mês”. “Também é importante não fazer muito esforço na zona tatuada nos primeiros dias”, acrescenta. Já Läetitia garante que “cicatrizam mais depressa do que as tatuagens grandes” é que é mesmo nos meses quentes que tem mais procura.
