Take-aways no Grande Porto, um grupo de faca e garfo

Marcos Allen criou o grupo “Take-aways no Grande Porto”

Comunidade nasceu no Facebook no início da pandemia para divulgar opções take-away no Porto. Há de tudo um pouco, para todos os gostos. E não pára de crescer.

Em março de 2020, o país entrava em confinamento e a restauração entrava em sofrimento. A 13 de março, surgia um grupo no Facebook para dar uma ajuda aos negócios do ramo alimentar do Porto. A comunidade cresceu rapidamente, alargou o território ao Grande Porto, da Póvoa de Varzim a Espinho, até Gondomar e Maia. Em junho, tinha seis mil membros, no início de novembro o dobro, agora são mais de 45 mil. E nem um ano passou.

Primeiro, as apresentações. “Este grupo vive de muitas realidades. Aqui coabitam cafés, tascas, restaurantes tradicionais e restaurantes de ‘fine dining’. Aqui temos opções para todos os gostos. Desde pão a rissóis, sushi, pratos vegetarianos, de peixe ou de carne.” Marcos Allen, apaixonado por gastronomia, cozinheiro de casa, gestor de uma filial de uma multinacional de cosmética, é o administrador da página. Começou com um amigo, agora trata de tudo. E tudo começou, lembra, como uma forma de “tentar arranjar uma solução para trazer os restaurantes para dentro de casa”, como uma ponte entre a oferta e a procura.

Neste momento, mais de mil negócios usam o grupo como montra. E não só. No “Take-aways no Grande Porto”, contam-se experiências, recomendam-se pratos e lugares, divulgam-se menus do dia, contactos, anuncia-se o que se faz, cruzam-se velhos e novos negócios. Comenta-se simpatia e modos de servir, pedem-se sugestões, tiram-se dúvidas, partilham-se fotografias, desvendam-se histórias por detrás de projetos. Os clientes diversificam opções e o setor respira melhor.

“Tudo o que é profissional merece ajuda”, diz Marcos Allen. Restaurantes, frutarias, peixarias, padarias, confeitarias. O grupo acaba por funcionar, explica, “como uma resposta da sociedade civil para, de alguma forma, ajudar um setor que está cada vez mais numa situação delicada”.

Os membros são bastante ativos, as interações não param, o feedback é constante. “Tem sido um fenómeno muito interessante e gratificante”, conta. Até uma ação solidária foi organizada para ajudar a Porta Solidária, da paróquia Senhora da Conceição da Igreja do Marquês (Porto), que dá apoio a sem-abrigo e carenciados, com 155 bolos-reis no Dia de Reis.

Marcos Allen adianta que alargar fronteiras não faz sentido. Não é exequível e não é o que se pretende. “Haveria um ruído de anúncios dentro da página. Se há demasiado ruído, as pessoas acabam por desistir do grupo”, comenta. Seria uma confusão, portanto. “A replicação deste modelo não pegou em Lisboa.”

O passa-palavra funciona bem. Marcos Allen vai gerindo a página, atento às publicações, aos comentários. O grupo está em permanente movimento com sugestões de pratos do dia para take-away, frutas e frescos, salgados, doces, bolos de aniversário, de tudo um pouco. Tudo sem sair de casa. E à média de cem novos membros por dia.