Superliga Europeia, a competição que perdeu antes de entrar em campo

Gianni Infantino, presidente da FIFA

A Superliga Europeia, uma competição reservada aos clubes de elite, ruiu como um castelo de cartas. As ameaças das estruturas que governam o futebol na Europa e no Mundo, a pressão política e a oposição dos adeptos levaram à debandada dos fundadores.

Fórmula mágica para salvar o futebol
A “bomba” foi lançada no último domingo: uma nova competição europeia, reservada aos clubes mais ricos e presidida por Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, foi anunciada como uma espécie de fórmula mágica para tornar o futebol mais atrativo e salvá-lo de uma crise financeira sem precedentes. Mas o “pacto de sangue” dos clubes fundadores, como o classificou o presidente da Juventus, Andrea Agnelli, quebrou-se em horas.

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mil milhões de euros é quanto terão perdido os principais clubes europeus com a pandemia que tirou o público dos estádios, disse Florentino Pérez. A nova prova acenava com uma “cenoura” de dez mil milhões de euros para os fundadores.

“[Os fundadores da Superliga] são responsáveis pelas suas escolhas. Se decidirem seguir o seu próprio caminho, terão de viver com as consequências. Isto significa que ou estás dentro ou estás fora”
Gianni Infantino
Presidente da FIFA

Quinze com lugar cativo
A nova competição assentava em 15 clubes fundadores: seis de Inglaterra, três de Itália, três de Espanha e três que não chegaram a ser conhecidos. Estes jogavam sempre, independentemente da performance nos respetivos campeonatos, e outros cinco poderiam qualificar-se para a prova mediante os resultados da época anterior.

Explosão de críticas e protestos na rua
Em 24 horas, a Superliga Europeia estava cercada de opositores, com FIFA e UEFA a ameaçarem excluir clubes e jogadores das competições europeias e das seleções. A política europeia uniu-se contra a prova e o que ela representa: ganância, ameaça ao espírito da solidariedade e mérito desportivo. Boris Johnson foi o mais incisivo e os adeptos ingleses reagiram com a mesma força. Por cá, Governo, federação e clubes deram um rotundo não ao projeto que “coloca os interesses de uma pequena parte à frente de um bem comum”.

Castelo a ruir: clubes fora de jogo
Um após outro, Manchester City, Manchester United, Chelsea, Arsenal, Liverpool e Tottenham, todos os clubes ingleses anunciaram a saída da competição. Os resistentes da Superliga informaram que a prova está suspensa para reformulação, mas a debandada continuou. Inter de Milão, Atlético de Madrid, AC Milan e Juventus também saltaram fora. Real Madrid e Barcelona ficaram isolados num projeto sem pernas para andar, como reconheceu Andrea Agnelli.