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Schumacher está cá

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Crítica de documentário, por Jorge Manuel Lopes.

O documentário “Schumacher”, feito a seis mãos (por Hanns-Bruno Kammertöns, Vanessa Nöcker e Michael Wech), começa na sua primeira aparição na Fórmula 1: Bélgica, Spa-Francorchamps, 24 de agosto de 1991, a bordo de um Jordan. Foi suficiente para que a Benetton o agarrasse logo para a corrida seguinte. Na Bélgica, um ano depois, aos 23 anos, conquistava a primeira vitória.

“Schumacher” puxa a fita atrás e revela um dos seus maiores trunfos: o acesso a imagens privadas de Michael. Gerado numa família de recursos modestos, pilota karts desde os quatro anos. A presença da esposa Corinna é crucial, assim como dos filhos Gina e Mick.

O dinheiro para entrar na F1 não abundava, valendo a Michael Schumacher o talento e a tenacidade. Quando entrou em ação, Ayrton Senna era quem mais ordenava. Depois veio o 1 de maio de 94 e a curva de Tamburello, em Monza. Mentalmente férreo, o alemão terminou esse ano campeão pela primeira vez, repetindo a dose em 95, antes de se mudar para uma Ferrari sedenta de vitórias. Mas o carro era um desastre e Schumacher passava das marcas, com apogeu no abalroamento de Jacques Villeneuve em 1997 que lhe custou a desqualificação do campeonato desse ano. O filme tem a sensatez de não se esquivar aos excessos competitivos do protagonista.

O apogeu dramático de “Schumacher” reside na fenomenal segunda metade de 2000, que desagua na vitória em Suzuka, Japão. O filme despacha então em duas displicentes penadas os campeonatos consecutivos obtidos até 2004. Schumacher torna-se intocável. O regresso em 2010 pela Mercedes foi fogo-fátuo. Desaparecendo do radar depois do terrível acidente em Méribel, França, 29 de dezembro de 2013. “Foi simplesmente um azar”, diz Corinna. Michael? “Está diferente, mas está cá.” E pouco mais. “Privado é privado.” Mulher e filhos falam dele no presente, às vezes no passado.