Rui Massena: “Descobri que afinal não sou só piano”

É ouvido por meio milhão de pessoas em 92 países. Acima de Rui Massena, no Spotify, só Maria João Pires. A Deutsche Grammophon escolheu os dois compositores portugueses para tocarem no Dia Mundial do Piano, integrando uma constelação de 16 vultos mundiais. O músico do Porto, que acaba de lançar um novo disco, fala com a NM sobre as curvas do percurso e partilha um desejo: “Quero ajudar a construir o meu país”.

Podia ser uma casa, tem tudo o que uma casa tem, camas e frigoríficos e jardim, mas é um estúdio, quase um segredo, a um passo do mar. Rui Massena, o maestro disruptivo, o compositor de música erudita cuja popularidade internacional ultrapassa a alta velocidade a de qualquer artista nacional, abre a porta desse refúgio pela primeira vez. Lá dentro, há vários pianos, grandes e pequenos, mesas de ténis, bicicletas, parece quase um parque de diversões para adultos, mas é território de trabalho e de evasão. O pianista e compositor recebe a “Notícias Magazine” para falar do seu novo trabalho, “20Percent”, título inglês a denunciar a ambição internacional, mas acaba, de peito aberto, a partilhar a “lição” aprendida com a pandemia, o desejo de ter maior intervenção cívica, a mágoa de o julgarem de forma errada e a paz que lhe trouxe o selo da Deutsche Grammophon que exibe em três álbuns da carreira a solo. Massena tem 48 anos e não tem dúvidas: “Estou no Porto e vou chegar ao lugar mais alto do céu”.

Envelhecemos nesta pandemia?
[Silêncio] Se envelhecer é tomar consciência, diria que aquela ideia de Pessoa, “Merda, estou lúcido”, é útil para mim. Nesta fase da minha vida, o significado vem de olhar para as coisas com alguma lucidez, para as poder tratar. A pandemia mostrou, sobretudo às pessoas da área artística, que a única coisa estruturada é a fragilidade. Portanto, não tenho como não ser lúcido. Passou um ano e meio, foi muito duro, teve muita ação sobre as nossas expectativas.

Ação e erosão?
Muita erosão.

A sua perspetiva, agora, é: “Estou lúcido, ainda bem”?
Neste momento, é. Se tivesse acontecido há cinco ou seis anos, teria sido um desapontamento. Agora, tendo já vivido o que vivi profissionalmente, tendo já colocado bandeiras nas expectativas para a minha profissão, diria que é melhor assim. Preciso de significados que já não se baseiam apenas em mim, mas em olhar para o futuro, para a escala do país, da Europa, e perceber até onde cada um de nós pode ir. Hoje, sou um misto de mim e da possibilidade. Até aqui, era um ‘eu’ muito consumido em conseguir.

Ficou mais abnegado e menos vaidoso?
Não sei se alguma vez fui vaidoso. Quem me conhece bem, sabe que disponho de um sentido autocrítico muito forte. O meu percurso não está nos padrões convencionados pela sociedade mas, quando olho para trás, consigo ver a morfologia do meu caminho. Se isso representa diferença, é sinal que escolhi bem a minha área: sou artista para olhar a diferença, para fazer refletir no meu trabalho essa diferença. Digo isto sem qualquer inflamação que não seja a da robustez da compreensão daquilo que fiz.

É o que quer e não o que os outros querem?
Até aqui, fiz, sem grande consciência, aquilo que sentia que devia fazer. Agora faço, com consciência, aquilo que sinto que tenho de fazer. E esvazio a possibilidade que os outros têm de me chegar demasiado.

“Sou um misto de mim e da possibilidade”, reconhece o músico

Chegar no sentido de magoar?
De magoar, sim. Quando alguém quebra o status quo, é como diz o Palma: pagas por tudo aquilo que usas. Nunca me integrei em nada completamente. E hoje precisamos disso, de pessoas que vão recriando uma sociedade nova, mais esclarecida e em constante mutação. Tudo o resto é manter as coisas como estão.

O facto de a sua mulher ser médica influenciou a forma como enfrentou o último ano?
Sim, a Clarinha esteve sempre na urgência do hospital, na covid. Percebi rapidamente que ia ter que conviver com a ideia de que todos os dias o vírus nos poderia entrar em casa. Muitos profissionais de saúde decidiram viver em casas diferentes para evitarem este risco. Eu disse: “Estamos juntos na saúde e na doença, vamos ficar na mesma casa, dormir na mesma cama e enfrentar isto juntos”. E foi um passo extraordinário. Revi todo o meu processo na vida. Comecei a tomar conta dos meus filhos e da casa de uma forma muito ativa.

“Isto não é uma guerra, é uma aula”, escreveu a dada altura. O que aprendeu?
Aprendi que me dá imenso prazer acrescentar à minha dimensão profissional uma dimensão pessoal muito maior.

O lado doméstico da vida a revelar os seus encantos.
Completamente. Aquelas ações são um passaporte para um tempo de encontro com as pessoas. Descobri que, afinal, não sou só o piano.

Como passou o tempo quando não estava a fazer máquinas da roupa?
A estudar. Em abril, matriculei-me num curso online de produção musical nos EUA. E isso mudou radicalmente a minha perspetiva sobre as coisas. Tinha um disco pronto, 15 canções, e pensei: “Está tudo no sítio certo, mas não sinto nada”. De repente, deixou de fazer sentido. A pandemia foi um naufrágio coletivo e percebi que ninguém tinha a fórmula para sair disto. Cada um estava a tentar nadar para terra, era a altura de tomar o controlo da direção em que queria nadar também.

E então?
Então, comecei a perceber que tudo aquilo que sentia, transposto para a música, teria de trazer essa dúvida da interpretação. Este meu EP deixou de ser uma afirmação e passou a ser uma indução.

Como é que isto se reflete?
A música passou a ser uma ferramenta para que o outro possa interpretar o que estou a dizer e não para que ouça o que estou a querer dizer. Crio nuances, timbres, aproximação. O piano deixa de ser um instrumento concreto – agora ouvem-se os martelos, os harmónios, o pedal – e passa a ser uma máquina. A orquestra entra ali dentro, abrindo o meu mundo interior. É como se me tivesse libertado.

São seis temas, 20 minutos no total. É simbólico?
É uma amplificação poética, conceptual, do que vivi. Já não são canções, são peças. Cada uma encerra um pequeno mundo.

E há um órgão de tubos ali no meio, é diferente de tudo o que já fez.
O órgão de tubos dá uma dimensão sonora de que o piano nunca seria capaz. Se se ouvir com phones, vibra no corpo todo. É uma grande vitória ter conseguido incluir ali tanta tristeza. Fico satisfeito porque fui capaz de ir atrás de mim próprio e não ficar preso a uma perspetiva comercial.

Rui Massena afirma: “As pessoas perceberam que não podem andar sempre sem tempo para a sua vida. Se calhar reconheceram que precisam de coisas pequenas, que passaram a ser maiores. Perceberam que o bem estar espiritual é essencial”

De onde resgatou a tristeza que não sentiu?
Do meu olhar sobre os outros. Houve imensa gente a perder – bens humanos, materiais, gente a perder a esperança – e isso mexeu muito comigo. É impossível olhar para isto com a ligeireza de quem caminhou sobre pétalas de rosas. Este disco documenta um tempo, serve para não esquecer que, ao lado da poesia e da música, também houve gente a sofrer. Este tempo vai medir-se por tudo o que foi perdido.

Quando olha para o futuro próximo, o que imagina? As salas de espetáculos, por exemplo?
É uma vida nova. Mais conscientes ou menos, a nossa resposta vai ser procurar uma vida bem mais interessante. As pessoas perceberam que não podem andar sempre sem tempo para a sua vida. Se calhar, reconheceram que precisam de coisas pequenas, que passaram a ser maiores. Perceberam que o bem-estar espiritual é essencial. E perceberam que há uma terapêutica que se opera em nós quando frequentamos coisas que nos elevam, distraem ou emancipam. Isso passará sempre, também, pelo consumo das atividades artísticas. É um anti-inflamatório. Numa sala de concerto, estamos num movimento coletivo, sentimos a energia das pessoas, faz-nos sentir bem. Isso nunca vai acontecer em streaming.

Há alguma razão para este disco ter uma edição limitada a 300 exemplares?
O digital instalou-se de forma imperial, os discos já não se vendem. Sendo um EP que foge tanto àquilo que fiz até aqui, é mesmo só para aquelas pessoas que gostam realmente do que faço e que querem juntar este álbum, como uma recordação, à minha discografia. Sendo um álbum tão especial, aposta minha, da minha editora e da Deutsche Grammophon (DG), quero que tenha valor enquanto objeto físico.

O que significa ter, pela terceira vez, o selo amarelo da DG num disco?
É muito importante, é o reconhecimento de uma editora com 150 anos de história. O que aconteceu no passado domingo, no Dia Mundial do Piano, aquele convite da DG para tocar ao lado de 15 referências mundiais absolutas, foi o momento mais importante da minha vida musical. Tive de esperar 40 anos para me dar voz a compor. E depois, passados seis anos, estou num evento com aqueles vultos do virtuosismo. Senti uma bolsa de oxigénio. Reforça-me a convicção de que aquilo que faço está bem feito. E ajuda-me a controlar algumas dúvidas que tenho no caminho.

A controlar dúvidas e a curar feridas?
[Silêncio] Para ser honesto, sim, também a curar algumas feridas. Estou do lado daqueles que constroem, e há muitas pessoas que não estão felizes o suficiente e que, por isso, precisam de destruir a vida das outras. Lembro-me de uma crítica muito negativa que recebi logo no início. No meu primeiro álbum, fiz uma música chamada Clarinha, para a minha mulher. Atacaram-me logo aí, no ponto nevrálgico. Eu era um pintainho a sair do ovo, um tipo que tinha feito coisas interessantes sob o ponto de vista da direção de orquestra e de interpretação, tanto em Portugal como fora do país, e que agora estava a compor. E aquela crítica foi para me tombar, para me desfazer, para retirar toda a poesia do meu gesto inicial. Foi dificílimo ultrapassar aquilo.

Era mais fácil se fosse só o maestro? De preferência, penteado?
Também não fui consensual enquanto maestro. Há pessoas da minha área que acham que não estou dentro da área. E não estou. A linguagem da música é uma ferramenta, como é o alfabeto, para cada um se expressar como quer, consegue e pode.

A crítica cresce a par com a popularidade, quando mistura a Orquestra Clássica da Madeira com o hip-hop dos Da Weasel?
Acho que sim, em 2006. Adoro fazer Mozart, como adoro fazer Stravinsky, como adoro fazer uma fusão com música de outras culturas, com as quais aprendo, eu e a orquestra. Sou hoje um autor, porque me confrontei, ao longo da vida, com atitudes de pessoas que vivem a música de uma forma mais serena e sem aquele grau de perfeccionismo, às vezes inibidor, que a interpretação de grandes obras musicais exige.

A NM entrevistou-o pouco depois disso. Estava a vir da Madeira para dirigir a Orquestra do Porto. Nessa altura, confessou que tinha “ares daquilo que a música erudita não suporta, era bastante superficial, vivia mais para as pessoas do que para a música”. Acha que estende uma passadeira vermelha ao equívoco?
Pois estendo, pois estendo… É engraçado.

“Sei reconhecer talento nos outros e ganhei a capacidade de projetar, que é a palavra que nos falha redondamente”, garante o maestro

Na altura, o maestro Vitorino d’Almeida disse que o Rui Massena é um dos músicos mais importantes da sua geração. “Alia talento a um raro sentido de responsabilidade, profissionalismo e inteligência.” Outras pessoas, de Graça Moura a Mário Laginha, fizeram-lhe o mesmo elogio. Se tem o respeito destes vultos e dos que o ouvem, que reconhecimento lhe falta?
[Longo silêncio] Não sei. É importante ouvir pessoas como o maestro Vitorino ou o Laginha, pessoas que estão bem consigo próprias, como é importante ter recebido o convite da DG. Mas o que me alimenta é sentir que as pessoas gostam da minha música.

Mas parece haver sempre uma mágoa, qualquer coisa que falta.
Sim, talvez. O meu sucesso mede-se pela capacidade de chegar à minha voz. Honrei sempre isso, a busca dessa autenticidade. E foi isso que me trouxe até aqui. Mas é óbvio que não entendo por que razão instituições como a Casa da Música ou o São Carlos não contam mais comigo. Mas a pergunta, neste momento, tem que ser posta ao contrário: sob o ponto de vista da direção de orquestra, teria que pensar o que me apetece fazer. Ou mesmo sob o ponto de vista de pensar um movimento depois de Guimarães 2012…

Apetece-lhe ter voz também fora do piano?
Sei reconhecer talento nos outros e ganhei a capacidade de projetar, que é a palavra que nos falha redondamente. De projetar a dez, 15, 20 anos o futuro daquilo que queremos para o nosso país do ponto de vista das áreas artísticas. Continuamos a navegar à vista. Temos vergonha de tudo aquilo que diga que somos nós. Estamos sempre a tentar cumprir alguma coisa que pende sobre a nossa cabeça e nunca temos o rasgo de pensar: é isto! Porque, para isso, é preciso arriscar. Todas as casas de arte querem ser a melhor do Mundo. É como se as pessoas se servissem das instituições para mostrarem que têm um grande critério artístico. E depois há uma data de músicos, de criadores, que nunca chegam a ter uma oportunidade por causa disso. Aos 48 anos, continuo a olhar para o futuro com dúvidas, porque vai sempre aparecer alguém que não me vai deixar fazer o meu caminho.

Qual seria o seu plano?
Sempre achei que não era por estar no Porto que não ia chegar à parte mais alta do Mundo. Estou a chegar lá, e estou no Porto. Essa é a minha diferença. É preciso entender as diferenças e potenciá-las. O nosso projeto cultural devia assentar no facto de sermos um país que está quase a meio do hemisfério, que pode fazer pontes para todos os lados. Um plano mais inclusivo, mais potenciador do talento e, ao mesmo tempo, capaz de sustentar a carreira das pessoas que já cá andam há muito tempo, como a Maria João Pires. Investimos milhões no ensino artístico e depois não temos circuitos profissionais. E nunca ninguém se pergunta porque é que isto acontece. Devia poder contribuir mais para o sistema português.

O músico confessa: “Houve imensa gente a perder e isso mexeu muito comigo. Este disco documenta esse tempo, serve para não esquecer que ao lado da poesia e da música também houve gente a sofrer. Este tempo vai medir-se por tudo o que foi perdido”

Dirigiu mais de 30 orquestras, esgotou o Carnegie Hall, em Nova Iorque; foi descrito como “temperamental e instigante” na prestigiada Dvorak Hall, em Praga; considerado “a grande atração” quando dirigiu a Orquestra Sinfónica do México; ovacionado na Tonhale, em Zurique. Hoje já não é o maestro, mas tem uma carreira a solo consolidada. É curioso que diga que o concerto em streaming de domingo passado foi o ponto alto da sua carreira.
Digo, porque emancipou a minha música e aquilo que sou enquanto pessoa. Houve muitas coisas, ao longo da minha vida, que me pareceram erradas, porque o Mundo me dizia que estavam erradas. Criticavam-me por ter o cabelo em pé, a tal passadeira vermelha para o equívoco. Durante muito tempo, senti que era um tipo esquisito, fora da caixa, engraçado mas não confiável. Até ter sido recrutado para fazer conferências sobre liderança. A liderança é um exercício sobre nós próprios, não é uma coisa que se possa aprender nos livros, é a forma como somos capazes de acreditar no que fazemos, de tirar o melhor das pessoas. Mas serei sempre maestro, gosto de ver o todo, não só a parte. E talvez um dia as pessoas percebam que tentei sempre fazer o meu melhor, para que as coisas tivessem um sentido. Quando estive na Madeira, tentei que toda a gente conhecesse a orquestra. Sabia que isso era a sua sobrevivência. Quando estive em Guimarães, podia ter convidado todas as pessoas internacionais, mas escolhi dar voz aos meus colegas. Porque entendi, e mantenho, que é importante consolidar a carreira de tanta gente com talento.

Tem saudades de programar?
Tenho vontade de ajudar a construir o meu país.

Faltam seis meses para as autárquicas. Em 2013, entrou numa lista que teria feito de si vereador da Cultura, caso tivesse ganho. Foi um passo em falso?
Não há passos em falso. Olho para a vida estando aberto para tudo.

Incluindo a intervenção cívica, a partir da política?
Obviamente. Mas hoje sinto-me mais amordaçado do que nunca. Há a sensação de que se intervirmos seremos penalizados. Não tenho pena de não ter concretizado, nessa altura, o meu projeto. Aquilo que aconteceu, a seguir, no Porto, foi um processo de modificação, emancipação e crescimento, que me deixou contente. Mas é preciso continuar a construir.

Sente-se abraçado pela sua cidade?
Não!

Tem justificação para isso?
Não, não tenho. No início, havia até resistências. Hoje não tenho nada a apontar a ninguém, mas não me sinto abraçado.

“O segredo está em passarmos muitas vezes pelo mesmo sítio, compreendendo-o sempre de forma diferente, e apaixonado-nos sempre. Estás com uma pessoa há vinte anos, olhas para ela a dormir e pensas: «Fogo, gosto mesmo de ti»”, confessa Rui Massena

Ainda é a pessoa ingénua daquela campanha eleitoral?
Não, mudei muito. Sem vaidade e sem exagerar, encontrei o sucesso, resolvi-me. Já fui muito melindrado pela política, já fui usado, já passei por estados que não me deixaram confortável, já passei pela dificuldade de fazer poucos concertos, pelo excesso de concertos, já toquei em batizados, em casamentos, em festas, já percorri esses degraus todos. Estou em paz.

E hoje é o segundo artista português mais ouvido no Spotify. Quase meio milhão de ouvintes em 92 países. O que é que os números lhe dizem?
A dependência dos números é insultuosa, porque nos desumaniza. Mas não escondo que ter 500 mil ouvintes mensais em 92 países é espetacular. O que nunca pode acontecer é isso sobrepor-se ao resto. Há números a mais, e isso vai ser a nossa prisão no futuro. Não quero isso para mim.

Continua a reservar uma hora do seu dia só para ler?
Agora, reservo mais. Estou a reler livros. “Siddharta” é talvez o livro que li mais vezes. O segredo está em passarmos muitas vezes pelo mesmo sítio, compreendendo-o sempre de forma diferente, e apaixonando-nos sempre. Estás com uma pessoa há 20 anos, olhas para ela a dormir e pensas: “Fogo, gosto mesmo de ti”. Esta renovação diária é a chave para tudo.

Uma vez disse que passou grande parte da vida a sentir-se mais velho do que era. E agora?
Ainda não consegui mudar a idade do meu corpo, as balanças ainda não dizem isso. Em relação ao resto, sinto-me a ficar mais curioso, a calibrar a minha perspetiva sobre tudo e a ficar mais livre. Digo sim porque quero dizer sim. Isso faz-me conservar a coisa mais importante da vida.

Que é?
O desejo.

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Veja o vídeo da entrevista.