Roupa em segunda mão, de mãe para mãe

Susana Cunha Trindade que criou o projeto Mom-to-Mom, loja online que aluga roupa para grávidas e para meninos e meninas até aos cinco anos de idade

Mom-to-Mom aluga roupa em segunda mão a grávidas. Paga-se pelo tempo que se usa com direito a reembolso. Reciclar, reutilizar. É a economia verde a circular.

No primeiro confinamento, Susana Cunha Trindade andava às voltas na internet, explorou ferramentas, pesquisou plataformas. A ideia da Mom-to-Mom andava a fervilhar e não tardou a nascer. Construiu e montou uma loja online para alugar roupas em segunda mão a grávidas. E não só. O projeto único no nosso país surgiu em maio do ano passado com 80 peças, hoje tem cerca de mil.

A Mom-to-Mom aluga roupa, compra peças a mães com vontade de destralhar, e tem ainda uma secção de vestuário para bebés e meninos e meninas até aos cinco anos. Para quem precisa e para quem quer vender o que não veste. Calças, leggings, jardineiras, vestidos, camisolas, camisas, blusas, casacos curtos e compridos. Tapa-fraldas, calções, macacões para os mais pequeninos. De tudo um pouco, calçado também e acessórios como malas, brincos, colares, pulseiras, lenços. A Mom-to-Mom tem closets arrumados por categorias, preços, coleções, mais casual ou mais formal. “As futuras mães têm flexibilidade de escolher as peças que mais se adaptam à sua gestação”, observa Susana Cunha Trindade.

“O processo começa com uma venda. Há uma tabela com uma quantia estipulada por mês que depende do valor da peça”, explica. Paga-se o tempo que se usa e recebe-se a diferença na entrega, um reembolso, se for caso disso. Uma peça de 20 euros, por exemplo, usada durante três meses fica por 12, recebe-se 8. A partir dos cinco meses até um ano não há tabela, a taxa de devolução é de 10%. “O objetivo é que a peça volte em condições para que possa ser usada por outra família.”

“A economia circular e a sustentabilidade fazem parte do ADN da marca. Se há peças boas já produzidas, que já consumiram os recursos do Planeta, que servem a sua finalidade e que são usadas num período curto, porquê ir ao mercado comprar umas calças novas?”, questiona. Reciclar, reutilizar, respeitar o ambiente. Tudo isso importa.

Susana Cunha Trindade é exigente com o que compra e aluga e quer desconstruir o preconceito de que o vestuário em segunda mão é velho e não presta. Quer mostrar que esses artigos podem ter uma segunda vida ou até mais. “Não faz sentido ter roupas paradas a ganhar pó no armário”, comenta.

A criadora da Mom-to-Mom, da área do Marketing e da Publicidade, a meio tempo numa instituição de solidariedade social, é fã de roupa em segunda mão e as perguntas de grávidas não lhe saíam do ouvido. “Ainda não passei por esse processo de ser mãe, acompanhava o dilema de colegas que diziam que era tudo caro, que não encontravam nada e o que não sabiam o que fazer com a roupa no final da gravidez”, recorda. Foi a tempestade perfeita para a Mom-to-Mom que já estabeleceu várias parcerias e tem mais ideias a marinar na cabeça.