
O primeiro a cruzar o Atlântico num balão de ar quente, o Canal da Mancha em uma hora e 40 minutos (tempo recorde) a bordo de um carro anfíbio ou o Pacífico em balão visitou agora o espaço. Excêntrico, aventureiro, estratega, tornou-se também filantropo.
Já foi noiva, pirata, sereia, piloto sem brevet. Hospedeira e borboleta. Coelhinho de Páscoa. Vestido de Pai Natal desceu Les Champs Elisées, em Paris, para promover a estação de rádio. É sempre assim: debaixo de cada fantasia, a excentricidade genuína, mas, sobretudo, a agressividade de uma estratégia de marketing pensada ao pormenor. Seja para apresentar a Virgin Brides, a Virgin Atlantic, celebrar o Dia do Oceano, ou correr na maratona de Londres, que patrocina através da Virgin Money. O próprio se confessa: “Roupas extravagantes não são só para o Halloween. Gosto de me fantasiar e, ao longo dos anos, descobri que essa é uma ótima maneira de atrair a atenção para a mensagem da Virgin”.
E para si mesmo, aventureiro platinado, o primeiro a cruzar o Atlântico num balão de ar quente (1987), o Canal da Mancha em um hora e 40 minutos, tempo record, a bordo de um carro anfíbio (2004) ou o Oceano Pacífico em balão (1991). Um bilionário que fez questão de chegar ao seu próprio casamento, na ilha privada, pendurado num helicóptero (1989) e de visitar, há dias, o espaço, 88 quilómetros acima da da superfície terrestres, onde permaneceu quatro minutos em gravidade zero, a bordo de um avião desenvolvido pela sua empresa, a Virgin Galactic. “Sonhei com este momento desde criança, mas, honestamente, não há nada que nos prepare para a visão da Terra a partir do espaço”, afirmou em conferência de imprensa após o voo. “Foi tudo simplesmente mágico.”
Richard Branson, o fundador do grupo Virgin, com investimentos em diversos setores que vão da música aos biocombustíveis, da aviação às telecomunicações, tem um património estimado em aproximadamente de cinco bilhões de dólares, de acordo com levantamento da Forbes, em 2021.
Um caminho iniciado aos 16 anos quando, disléxico, desistiu da escola para fundar, com um amigo, uma revista curiosamente titulada “Student”. Aos 20, vendia discos pelo correio e aos 22 abria uma rede de lojas de discos, a Virgin Records, nome escolhido tendo em conta a inexperiência do jovem empresário, que rapidamente aprenderia a arte do ofício. “Tubular Bells”, de Mike Oldfield, foi o primeiro lançamento da nova editora, que em 1975 se internacionalizaria com um catálogo de artistas de peso: Janet Jackson, The Smashing Pumpkins e Spice Girls, rendendo em 1990, em venda à EMI, cerca de 500 milhões de libras.
A incursão na aviação, sonho infantil, aconteceu na década de 1980. Fundou a Virgin Atlantic Airways e adquiriu a Euro Belgian Airlines. Não demorou a projetar a Virgin Galactic, a empresa de turismo espacial, autorizada em 2004 a licenciar a SpaceshipOne – nave espacial experimental que tem Paul Allen como um dos investidores, que agora o levou ao espaço. E que, aposta, será um sucesso no setor do turismo espacial.
Apesar de nem todos os negócios terem corrido bem – a Virgin Cola, marca de refrigerantes lançada em 1994, e a Virgin Cars foram dois projetos fracassados – , o império permitiu-lhe o envolvimento em diversas causas e obra social, sobretudo em África, com o consequente reconhecimento público, quer como empresário quer como filantropo. Distinguido com diversas condecorações, destaca-se a da rainha Isabel II, que o nomeou cavaleiro do reino. Sir Richard Branson tem dois filhos.
Richard Charles Nicholas Branson
Cargo: empresário e aventureiro britânico, chefe do Virgin Group Ltd.
Nascimento: 18/07/1950 (71 anos)
Nacionalidade: Inglesa (Shamley Green, Surrey)