A reportagem “Despojos de guerra”, do fotojornalista Leonel de Castro, que foi capa da revista “Notícias Magazine” no passado dia 14, venceu o prémio de excelência da “Pictures of The Year International”, na categoria Retratos. É o mais antigo galardão do fotojornalismo.
O trabalho, também assinado pelo jornalista Pedro Olavo Simões, juntou retratos de 25 antigos combatentes da Guerra Colonial, marcados para sempre por deficiências que carregam de um combate que foram forçados a travar.
Leonel de Castro demorou cerca de nove meses a aprender uma técnica fotográfica de 1851, de colódio húmido, dos primórdios da fotografia, para fazer os retratos premiados, que põem a nu as dores de um conflito que matou nove mil homens e deixou 30 mil feridos.
“Este é o reconhecimento do papel do jornalismo, que dá voz a pessoas que ao longo dos anos foram esquecidas, numa vida de luta pelos seus direitos”, diz o fotojornalista, de 47 anos, que elogia a “resiliência e a superação” dos ex-combatentes. Mutilados, cegos, amputados ainda jovens, vítimas de uma “guerra injusta”, lutaram “para ter lugar na sociedade, para mudar mentalidades”. A maioria, mesmo sem apoios, arranjou emprego, casou, teve filhos.
“Desde que estou na profissão, sempre quis fazer um trabalho em torno desta temática que me acompanha desde a infância, quando partilhei a sala de aulas com ‘retornados’.” O prémio, garante Leonel, não é dele, “é das pessoas”.