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Plataformas digitais que vendem produtos 100% nacionais

A Vida Portuguesa tem produtos exclusivos (Foto: DR)

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É o “Made in Portugal” em plataformas digitais carregadas de produtos 100% nacionais. Muitas vendem mais para o estrangeiro do que cá dentro. As nossas marcas servidas online.

O slogan usados nos anos 80 do século passado pela Nacional e que continua a sobreviver ao tempo e a ser resgatado por todos não podia fazer mais sentido. O que é nacional é tão bom que já há plataformas online carregadas de produtos portugueses, desde vinhos ao artesanato, que correm as bocas da Europa. Algumas vendem mais lá fora do que cá dentro. Só há uma regra: é tudo 100% feito cá e está numa só loja. Como a que Pedro Baptista criou faz agora dois anos. Uma década em Portugal foi o suficiente para o jovem cabo-verdiano se render. Aliás, ele já é português e “com orgulho”.

Há muito que o mestre em negócios internacionais queria investir, faltava-lhe descobrir a paixão. Encontrou. O Portugal Nosso é uma espécie de mercearia fina com produtos de norte a sul do país, “de qualidade superior, de pequenos produtores, que de outra forma não teriam visibilidade” e que não cabem num supermercado. Chocolates, doces e compotas, vinhos, cervejas artesanais, azeites, queijos, biológicos e vegan. É a Disneylândia de quem gosta de comer bem. Dá para pesquisar por região, basta apontar o rato ao mapa.

Pedro Baptista, criou em 2019 a loja online “Portugal Nosso”, que permite pesquisar por região
(Foto: Pedro Granadeiro/Global Imagens )

E até há uma caixa surpresa, que varia dos 35 aos 50 euros. A loja é para todos os portugueses apaixonados pela diferença, para datas especiais ou para o dia a dia. Para emigrantes com saudades do país ou turistas que tenham cá passado. Os pedidos chegam de França, Itália, Dinamarca, Bélgica ou Estados Unidos. E a pandemia fez disparar em 200% as vendas.

Internacionalizar as marcas

Exatamente no mesmo ano de 2019 também abriu a 4ARCA, a plataforma online que é um autêntico baú da tradição portuguesa, mas muito pouco tradicional. A ideia é divulgar o “Made in Portugal” lá fora, ajudar a internacionalizar marcas portuguesas. A bagagem e a experiência no ramo mobiliário das amigas Carla Almeida e Armanda Letra ajudaram a montar o marketplace português que pensa para lá do óbvio. Além de vender ao cliente final – cervejas artesanais, chinelos, jogos para crianças, vinho, carteiras vegan -, também dá palco a serviços e a produtos que querem chegar às prateleiras de lojas estrangeiras.

Carla Cristina Almeida e Armanda Letra fundaram a loja online 4Arca, que aposta na internacionalização
(Foto: Miguel Pereira/Global Imagens)

Armanda já leva uma vida de trabalho no ramo da exportação, sabe como funciona o mercado internacional. “Sempre notei que há poucos produtos nacionais no estrangeiro. Quando ia a supermercados e a lojas, via muita coisa made in Italy, Spain, Greece e nada português, quando nós temos mais qualidade.” Do país, diz a portuguesa de costela alemã, conhece-se Cristiano Ronaldo, as praias e o vinho do Porto. Pouco mais. Mas a 4ARCA quer mudar isso, é um marketplace virado para o estrangeiro, uma montra, uma ponte, um chamariz para o produto nacional que já chega a grandes cadeias da Alemanha ou da Áustria.

Para um português licenciado em História e apaixonado pelo país, a Charme Rural foi a plataforma que sempre quis criar, mesmo sem saber. Luís Minas começou por abrir loja no Bairro Alto, Lisboa, em 2016. Fechou, rendeu-se ao online há menos de um ano, num site pintado a azulejos coloridos. “Temos produtos de excelência que nem sempre são bem tratados e quis trazer para cima da mesa o que de melhor se faz cá.” Um retrato fiel de um país de muitas cores, aromas e texturas. Conhece todos os fornecedores, um a um. Prova tudo o que vende. Tem mercearia, desde vinagre, vinhos, chocolates, azeite. Mas também artesanato – cadeiras, canecas, cestas – e cosmética artesanal.

Luís Minas criou a Charme Rural em 2016
(Foto: DR)

Vive dos bons ventos que sopram. “As pessoas procuram cada vez mais coisas diferentes. O supermercado oferece em quantidade, mas nem sempre em qualidade. Um licor artesanal faz a diferença.” A diferença de um saber que se há de perder se não passar de pais para filhos. No online, encontrou o caminho para a clientela portuguesa e descobriu a facilidade de chegar aos países da Europa. Não falta procura, desde o mercado da saudade a estrangeiros.

O “sumo” do país em casa

Nesta mercearia gourmet, há presentes originais e tudo serve para mantermos a despensa saudável. Ana Lucas cria receitas de compotas com mirtilos de Sever do Vouga ou cerejas do Fundão em forno de lenha, de biscoitos, chocolates, azeites aromatizados, tisanas biológicas. Recorre a pequenos produtores artesanais para pôr em prática as suas ideias. A ligação à cozinha vem da mãe e da avó. Lançou a Juice At Home, que leva o “sumo” do país a casa, já lá vão seis anos. Tinha cargos executivos numa grande empresa e viajava muito. “As pessoas falavam-me dos azeites, das azeitonas, das sardinhas.” Sempre desenvolveu os negócios dos outros e quis investir no seu.

Ana Lucas criou a mercearia fina Juice At Home
(Foto: Tony Dias/Global Imagens)

Além dos seus produtos, vende outras marcas. Desde os vinhos da Herdade do Sobroso aos biscoitos Paupério, as sardinhas enlatadas La Gôndola d’A Poveira, as compotas em bisnaga da Meia.Dúzia, queijos e enchidos. A loja é uma ode aos presentes. São cabazes carregados de coisas boas para encher uma mesa em datas especiais, como o Dia da Mãe. E até há caixas com os ingredientes para cozinhar receitas dos chefs Hélio Loureiro ou Álvaro Costa.

Agora, Ana vai investir na venda à unidade. E nem só de mercearia gourmet e biológica se faz a Juice At Home, que também lhe junta chávenas de cerâmica e cortiça, galheteiros, pratos de degustação de azeite.

Um mundo de produtos

Aqui há de tudo, numa loja que vive da saudade e que dá palco a tantas marcas que resistiram ao tempo. Guarda em prateleiras virtuais produtos nacionais fabricados desde há muito, que devem a longevidade à qualidade. A Vida Portuguesa nasceu pelas mãos da jornalista Catarina Portas, depois de uma investigação sobre produtos antigos portugueses, aqueles que conhecemos há décadas. O projeto nasceu em 2004 e em 2007 mudou de nome para nunca mais conhecer travão. Tem lojas físicas, que perderam as “hordas de turistas” na pandemia e que já só existem em Lisboa, mas é a plataforma online que nos traz aqui. Até porque Catarina criou a loja para os portugueses, nunca a considerou “loja de souvenirs”.

É mercearia, perfumaria, livraria ou papelaria. Lá há louças, cremes, champôs, roupa, calçado, brinquedos, cestas, malas, mochilas, drogaria, produtos de jardim. É um mundo sem fim de ADN português que quer garantir a sobrevivência das nossas fábricas mais tradicionais. Foi pioneira e esconde produtos exclusivos, feitos em parceria com marcas, como os sabonetes Ach.Brito e Confiança, as andorinhas Bordalo Pinheiro (campeãs de vendas online), os lápis Viarco ou os cadernos Emílio Braga e Serrote. É só entrar e descobrir um mundo bem português.