Pistola: da Toscânia, sem amor

Pistola de bloqueio de roda, concebida para Maximiliano I, antigo rei da Baviera

Pensa-se que tenha sido a pitoresca cidade de Pistoia a inspirar o nome desta arma, cuja popularidade disparou após a Idade Média.

Em plena região italiana da Toscânia, algures entre Florença e Lucca, mora a cidade de Pistoia, onde um dia nasceu e viveu o Papa Clemente IX. Perguntar-se-á o leitor a que propósito vem esta partilha. É que a teoria mais comum acerca dos primórdios da pistola atribui à cidade toscana – onde já no século XV se fabricava esta arma – a origem da nomenclatura desse objeto.

Quanto ao primeiro registo da utilização da mesma, remonta à Revolução Hussita, que nesse mesmo século, em plena Boémia (antiga República Checa), se opôs às práticas do clero católico. Ora, a eficácia demonstrada nesse conflito, a juntar ao fim da Idade Média e ao consequente decréscimo do uso das espadas, dos machados e das lanças, e ainda a crescente utilização da pólvora (que temos de agradecer aos chineses) haveriam de lhe escancarar as portas da popularidade.

A evolução teve que se lhe diga, ainda assim. Pensa-se que a primeira pistola a aparecer tenha sido a “wheel lock” – ou pistola de bloqueio de roda -, que veio tornar concebível a ideia de uma arma de mão. Mais tarde, já no século XVII, surgiria a pistola de pederneira (com um mecanismo de ignição que tem a aparência de um cadeado), mantendo-se na ribalta durante quase dois séculos. Só seria destronada já no século XIX, com o aparecimento das pistolas de percussão (com disparador). Mas o grande ponto de viragem aconteceu em 1836, quando o inventor americano Samuel Colt patenteou a Colt Paterson, a primeira arma de fogo comercial, de repetição, a empregar um cilindro giratório de múltiplas câmaras que se alinhavam a um único cano fixo. Era o tiro de partida para a massificação.