Classificado como património imaterial, o palito foi em tempos símbolo de estatuto. E a sua história até deve um tanto a Portugal.
Quem hoje os vê, em eventos sociais, enfiados em pedacinhos de queijo ou croquetes – ou quem neles pega para escarafunchar os dentes, por muito que a prática esteja desaconselhada -, estará longe de imaginar que em causa está um dos poucos objetos do nosso tempo nascidos ainda antes do surgimento da raça humana como a conhecemos. Sabêmo-lo pelos fósseis dos neandartais (extintos há 29 mil anos), onde sobressaem as inconfundíveis marcas dos palitos. Foram ainda encontrados vestígios semelhantes nos aborígenes australianos, americanos nativos pré-históricos e primeiros egípcios.
A prática era comum também nas primeiras civilizações. Na altura, os palitos eram feitos de ouro, prata, bronze ou outros metais. No período medieval, por exemplo, andar com um palito destes numa bolsa extravagante era uma forma de os europeus privilegiados se distinguirem do comum dos mortais. Para quem não podia dar-se a esse luxo, restava, pois, a criatividade. Foi assim que os romanos começaram a recorrer às penas dos pássaros (cortavam-nas e afiavam-lhes as pontas), os nativos americanos aos ossos de veado e os esquimós aos bigodes de morsa. Com tanta diversidade, era uma questão de tempo até à massificação.
E é neste ponto que Portugal entra no mapa. Culpa das freiras do Mosteiro de Lorvão (distrito de Coimbra), que começaram a fabricar palitos para decorar bolos e doces. Mas este objeto não tardou a ganhar utilidade prática. De tal forma que os palitos rapidamente transpuseram os muros da clausura, tendo sido adotados pelo povo lorvanense, que fez do seu fabrico artesanal um modo de sustento ao longo de largas décadas.