“One of a kind”: transformar Natureza em decoração

António Nora montou uma oficina colada ao Porto, em São Mamede de Infesta, Matosinhos

A matéria-prima vem de todo o Mundo e António Nora torna exemplares raros em peças decorativas únicas. Corais, conchas, fósseis, minerais, insetos. Cada objeto tem o seu bilhete de identidade.

A paixão pelo colecionismo é antiga. Desde criança que a inclinação pela História Natural é evidente. Aos 15 anos, criou um centro científico que não teve futuro, ainda frequentou o curso de Engenharia de Minas que não chegou a terminar. Depois do 25 de Abril, viajou imenso, sobretudo pelo Oriente, apaixonou-se por conchas e juntou 80 mil exemplares, ajudou a abrir museus pela Ásia no final dos anos 1980.

“Fui um comerciante importante de conchas a nível mundial”, revela. Tornou-se consultor de empresas, promotor de produtos portugueses na China, ligou-se ao setor dos vinhos. A pandemia surgiu com um “tsunami”, decidiu voltar às origens, e criou “One of a Kind”, projeto em nome próprio para enaltecer a natureza com criações decorativas exclusivas, como o batismo indica.

António Nora montou uma oficina colada ao Porto, em São Mamede de Infesta, Matosinhos, onde lhe chegam corais, conchas, insetos, borboletas, fósseis, alguns com milhares e milhões de anos, de todos os continentes. “São peças exóticas e diferenciadoras.” Artigos que não passam despercebidos a quem aprecia a beleza natural por dentro e por fora. “Na Natureza, tudo é diferente. A Natureza tem formas e cores que são únicas”, comenta.

A matéria-prima é tratada com delicadeza, seja um fóssil com mais de metro e meio de altura, uma pequena borboleta-azul-celeste ou um escaravelho raro. António Nora leu muito, viu muito, viajou tanto, conhece o que lhe chega às mãos. Trata cada elemento da Natureza com máximo cuidado apoiado em suportes de latão, madeira, ferro, mármore, granito, feitos por artesãos. “Estudo a peça esteticamente para ver a sua forma e dimensão, para tirar o maior partido dela.” Coloca-a em quadros e em redomas de vidro, como obras de arte, como vitrinas da Natureza. Como se a arte se fundisse com a história e os vários ciclos da vida, criando uma linguagem decorativa para diferentes espaços.

Cada objeto tem uma ficha de identificação, o seu bilhete de identidade, com o certificado de origem, fotografia, comprovativos do respeito pela lei das espécies protegidas. “Este é um lado muito interessante. Passa-se a mensagem científica, os compradores ganham interesse e conhecimento”, explica.

Reacendeu a paixão pela História Natural, virou-se para a área da decoração. “É um projeto inovador.” A vontade surgiu em maio do ano passado, quando percebeu que o Mundo não iria reabrir tão cedo, e avançou para as vendas, exclusivamente online por enquanto, no final de 2020. As peças andam entre os 40 e os quatro mil euros, conforme a raridade e a exclusividade.