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O ano letivo vai começar, atenção aos olhos das crianças. Franzir o sobrolho não é bom

Fotos: Freepik

A ambliopia é um dos principais problemas de visão que afetam crianças nos primeiros cinco anos de vida

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A primeira avaliação ocular deve acontecer nos primeiros meses de vida e a falta de atividades ao ar livre é fator de risco para o aparecimento de miopia. Com mais uma etapa escolar à porta, que cuidados ter e quais os sinais que não devem ser ignorados?

O próximo ano letivo está prestes a começar, os alunos preparam-se para mais uma etapa do seu percurso escolar. Os cuidados com os olhos devem começar na infância e as crianças e jovens que usam óculos têm cuidados acrescidos. A visão é um nobre sentido que convém preservar e cuidar desde sempre.

Tudo começa cedo, muito cedo. “A primeira avaliação ocular deve ser realizada brevemente após o nascimento. A partir dos três anos já é possível realizar uma consulta mais abrangente, e a partir dos seis deve ser realizada semestralmente”, adianta Raúl de Sousa, optometrista e presidente da Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO).

Mochilas às costas e muitas horas dentro de salas de aula. Muitas horas de estudo, muitas horas ao computador, muita exposição aos meios tecnológicos. Que condições de luz devem ter as salas de aula, e em casa também, de forma a garantir o conforto visual de alunos que já usam óculos? “A luz deve ser uniforme e suficiente para a realização da tarefa sem esforço. Deve provir de um ponto que não se situe no campo visual central, de forma a evitar reflexos nas lentes oftálmicas”, responde o especialista.

Para cada 20 minutos de visão próxima, recomendam-se 20 segundos de descanso com fixação a uma distância de cinco metros

O objeto de leitura e o ambiente ao redor devem estar bem iluminados. O objetivo é ter iluminação suficiente para a tarefa e permitir uma boa visão a uma distância mais afastada nos momentos de descanso. “Por norma, a cada 20 minutos de trabalho em visão próxima deve-se realizar 20 segundos de descanso com fixação a uma distância de cinco metros.”

Há uma questão incontornável perante as circunstâncias. Que cuidados devem ter os pais quando o seu filho estuda diariamente, e durante muitas horas, com apoio do computador ou de um tablet? Raúl de Sousa insiste neste ponto. “É muito importante enfatizar que a falta de atividades ao ar livre está associada à epidemia da miopia. Representa um fator de risco para o surgimento e desenvolvimento da miopia, que pode ser potenciado pela hereditariedade”, sustenta.

“Até ao momento, as investigações realizadas apontam para uma correlação entre sintomas de fadiga ocular e secura ocular transitórios e o número de horas em visão próxima em dispositivos eletrónicos”, sublinha. Por tudo isso, recomenda-se que as crianças com menos de seis anos não passem qualquer tempo nos dispositivos eletrónicos. Com seis ou mais anos não devem ultrapassar mais de duas horas diárias, consecutivas ou não.

Quem não vê bem, precisa de óculos. Se precisa de óculos, tem de se adaptar. A ajuda é bem-vinda e os exemplos têm sempre um papel importante, se forem modelos de boa atitude comportamental. Envolver a criança na escolha da armação dos óculos é fundamental porque cria vínculo e estimula a autoestima. Segundo Raúl de Sousa, também é importante “dialogar e demonstrar que o uso de óculos não é limitação, mas sim um contributo muito importante para um melhor desempenho escolar e conforto.”

Ambliopia, estrabismo, retinopatia da prematuridade e retinoblastoma são problemas de visão que afetam os mais novos

“A utilização de lentes de contacto é também uma opção segura com excelente qualidade visual que deve ser considerada, sobretudo se existir resistência à utilização de óculos por motivos estéticos, necessidades físicas como no caso de desporto ou por motivos terapêuticos como no caso de anisometropia”, refere Raúl de Sousa.

A ambliopia é um dos principais problemas de visão que afetam crianças nos primeiros cinco anos de vida. É o mais frequente e é facilmente detetado, prevenido e tratado. O estrabismo, a retinopatia da prematuridade e o retinoblastoma são outros casos. Convém estar atento aos sinais de falta de visão em qualquer idade dos mais novos. “Os sinais mais relevantes são qualquer perturbação no alinhamento correto dos olhos (estrabismo), a presença de uma pupila de cor diferente da preta (leucocoria), diferença de visão entre os olhos (anisometropia), alterações da posição da pálpebra ou postura anormal na fixação, como o franzir do sobrolho.”

Há complicações que podem surgir quando não é feito um diagnóstico precoce de falta de visão. Segundo o optometrista, a ambliopia é a complicação mais frequente no caso das crianças. “É o termo técnico que descreve uma perda de acuidade visual não melhorável por refração e/ou limitações funcionais na visão, causadas por erro refrativo não compensado em crianças.” Todo o cuidado é pouco, portanto.