Nyha: peças feitas de sobras costuradas pelas mães

Zita Silva e Diana Rodrigues, duas jovens primas que criaram a marca de roupa sustentável Nyha

A Nyha nasceu na cidade berço, mas inspirou-se no porto de Nyhavn, em Copenhaga, para o nome. Tudo é feito à mão e os conjuntos confortáveis e monocromáticos vestem diferentes ocasiões.

Para quem cresceu no meio da confeção de tecidos, de pés enfiados na fábrica de têxtil-lar do pai, em Guimarães, não é difícil perceber o fascínio. Mesmo que o caminho de Zita Silva já tenha passado pela terapia da fala e pela área da estética. Quando foi para a empresa familiar para ajudar na gestão, acabou a criar, com a prima Diana Rodrigues, aquilo que há muito andava a fermentar na cabeça: a Nyha. A marca de roupa amiga do ambiente que foi buscar o nome ao porto de Nyhavn, em Copenhaga, Dinamarca, uma das cidades mais sustentáveis do Mundo.

Diana, que está a concluir a licenciatura em Engenharia Têxtil, embarcou e trouxe a preocupação com os têxteis sustentáveis para cima da mesa. A partir daí, foi pôr mãos à obra. “Quando começámos, deparámo-nos com muitas dificuldades. As empresas são todas muito industrializadas, não há processos sustentáveis e o nosso objetivo não era produzir em grandes quantidades”, conta Zita. Queriam criar tecidos a partir de fibras recicladas e num instante mudaram as agulhas. Foram bater à porta de fábricas para comprar as muitas sobras de tecidos que não se vendem e que ficam em stock. “São matérias-primas que já foram produzidas, que ficam lá acumuladas, de coleções anteriores. É um desperdício.”

Pegaram nesses tecidos e criaram uma coleção cápsula que saiu para a rua, que é como quem diz para o site, em abril. Zita idealiza as peças, Diana passa para o papel um esboço. E são as mães das duas que lhes dão vida. “Elas confecionam a peça de início ao fim. É tudo feito à mão. E como crescemos as duas no meio da confeção têxtil, também ajudamos nos acabamentos, nos botões”, comenta Zita.

A marca é de slow fashion, só produzem entre 20 a 40 peças de cada modelo, em três tamanhos: S, M e L. E, empurrada por uma pandemia que chamou o conforto à roupa, a Nyha senta-se em cima do conceito de loungewear. “São conjuntos confortáveis e práticos, mas fashion na mesma.” Tanto servem para andar por casa, como para sair. No site, dá para comprar o conjunto inteiro ou por peça. A primeira coleção é composta de sete conjuntos. De malha, algodão, linho. “Tudo muito ‘clean’, sem padrões. Muito à nossa imagem. Mesmo em termos de cores, a coleção foi toda inspirada nas casas de cores do porto de Nyhavn.” Bege, verde-água, azul, lilás, cor de tijolo. Há conjuntos de calças e t-shirt, calções e top, macacão.

“O caminho agora é mostrar às pessoas o tipo de produto que é. Desde o material que escolhemos ao facto de serem peças ‘handmade’. É tudo ao pormenor.” Zita até escreve à mão nas etiquetas as fibras utilizadas e as indicações de lavagem, para poupar na produção em massa. Para já, os conjuntos da Nyha só estão disponíveis online, mas já há parcerias a nascer com lojas físicas e marketplaces europeus.