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Menos saliva, menos gengiva, perda de dentes. A saúde oral dos mais velhos

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Com o avançar da idade, os dentes ficam menos ligados ao osso e acabam por se mover, entortar ou cair. Nunca é tarde para colocar um implante, uma dentadura ou um aparelho. E beber pouca água não é bom. Hoje é o Dia Mundial da Terceira Idade.

O que é necessário saber sobre a saúde oral dos idosos? Muita coisa. “Os problemas mais comuns nos idosos, além da perda de dentes, estão associados com a diminuição da produção de saliva, perda progressiva de suporte ósseo e gengival e alguma diminuição de destreza manual, que dificulta uma higiene oral adequada”, adianta Pedro Cosme, médico prostodontista na Malo Clinic em Lisboa. Hoje, quinta-feira, dia 28 de outubro, é Dia Mundial da Terceira Idade.

A saliva funciona como um lubrificante e um antibacteriano, garante a salubridade dos dentes e das gengivas. Ora se não há saliva suficiente, as lesões de cárie evoluem mais rapidamente, surgem outras lesões dentárias associadas, por exemplo, ao excesso de escovagem que pode conduzir à perda gengival. “A maioria dos psicofármacos (calmantes, ansiolíticos, antidepressivos ou indutores do sono), da medicação para o coração ou para o sangue, tem como efeito secundário a diminuição da produção de saliva”, explica o especialista. “Esta redução associada às dificuldades na destreza manual (fruto da perda de alguma agilidade), faz com que a higiene não seja perfeita e exista uma maior probabilidade de serem desenvolvidos problemas dentários”, acrescenta.

Há ainda a questão de doenças associadas, como a diabetes, a hipertensão ou problemas cardiovasculares, e os dentes e a gengiva ficam debilitados. “Para suplementar a falta de saliva, já existem vários produtos que funcionam como seus e que recomendamos muitas vezes. Também recomendamos, a nível dietético, que se evitem alguns alimentos que façam a boca ficar mais seca ou que provoquem o enfraquecimento do esmalte dentário e recomendamos beber muita água.”

“Não há limite de idade nem para fazer tratamentos estéticos nem ortodônticos, e é importante desmontar esse mito e alterar o paradigma associado ao envelhecimento”
Pedro Cosme
Prostodontista

Nos mais velhos, a questão estética também é importante, apesar de, por vezes, se ouvir “já estou velho para pôr implantes ou ter dentes bonitos.” “Com a perda de suporte devido à idade, os dentes ficam menos ‘agarrados’ ao osso e acabam por se mover e entortar.” Os médicos da especialidade têm vindo a colocar aparelhos dentários em pessoas cada vez mais velhas que querem ter os dentes alinhados. Pedro Cosme lembra, a propósito, que “a idade e o uso tornam também os dentes mais curtos, gastos e abrasionados, pelo que a procura de tratamentos estéticos, como coroas ou facetas, tem vindo igualmente a ser cada vez maior por parte destes pacientes.”

Um dos principais problemas dos mais velhos é beber pouca água. Por isso, água, muita água durante o dia. Um dente saudável deve apresentar-se cerca de 2/3 dentro do osso e 1/3 fora do osso. Com a idade é normal alguma perda óssea, mas se houver ainda problemas gengivais ou ósseos, nomeadamente a periodontite, doença que afeta o ligamento que une o dente ao osso, a proporção de dente que se encontra no osso e do respetivo suporte diminuiu. O resultado é a inflamação das gengivas, o abanar dos dentes e a perda deles.

“Hoje em dia, numa sociedade mais desenvolvida, considera-se que se perdem proporcionalmente mais dentes por doença periodontal do que por cárie. É paradigmático, mas efeito da evolução. Em países menos desenvolvidos ainda se consome muito açúcar, existem menos cuidados de higiene e perdem-se os dentes por cárie de forma precoce (40, 50 anos). Nas sociedades mais desenvolvidas, já existe uma maior disseminação do conhecimento sobre o tema e existem mais cuidados básicos de higiene oral, pelo que a perda de dentes ocorre maioritariamente devido a periodontite e numa fase mais tardia”, sustenta Pedro Cosme.

Para quem perdeu os dentes, as próteses removíveis, as dentaduras, as pontes ou os implantes, são as soluções disponíveis

Há medicamentos como os prescritos para a osteoporose, sobretudo durante a menopausa, que podem tornar a cicatrização e recuperação de cirurgias ósseas mais complicadas. Nestes casos, não é recomendável uma extração ou cirurgia até um ano após o fim da toma desses medicamentos. Desta forma, refere Pedro Cosme, “uma pessoa que já tenha uma má situação oral e necessite de fazer extrações, vai ver a sua recuperação atrasada e mais complicada. Esta é uma medicação que as mulheres na menopausa tomam regularmente e, muitas vezes, sem terem conhecimento dos riscos que a sua toma implica.”

Para quem já sofreu de perda de dentes, as próteses removíveis, as dentaduras, as pontes ou os implantes, são as soluções possíveis. A diferença está nos custos. “No entanto, é preciso lembrar que um implante nunca deve ser uma alternativa ao dente, é uma opção quando não há dente ou quando este não é viável. Apesar de o implante ser uma solução que parece fácil e com resultados imediatos, outros tratamentos prévios mais conservadores podem ser mais eficazes e duradouros.”

“Só devemos recorrer ao implante quando não existe solução para o dente do paciente: tentamos sempre salvar o dente até à última instância”, garante. Atualmente, há muito poucas contraindicações para colocação de implantes, mesmo quando os pacientes têm outras doenças associadas.