Despertado pelos confinamentos e pela vontade de desligar do stress diário, o macramé volta a estar na moda. Tecidos, os fios dão forma a objetos decorativos ou acessórios instagramáveis.
A pandemia não trouxe só números negros e incertezas. Para muitos, significou uma descoberta de hábitos saudáveis e até de novos talentos. E foi assim que o macramé ganhou novos adeptos e destaque em publicações no Instagram e nas paredes de muitas casas.
No caso de Francisca Magalhães, a arte milenar surgiu como realização pessoal depois de anos a trabalhar na gestão de recursos humanos em hotéis na região do Porto. Após um retiro, decidiu pôr as mãos à obra “por brincadeira”, seguindo tutoriais do YouTube. Uma semana depois, fez “um painel grande” e, impulsionada pela irmã, não tardou a lançar a página Macramar no Instagram, através da qual vende as suas criações e promove os workshops que organiza em Vila Nova de Gaia.
“Enquanto estamos focadas num trabalho, é uma terapia de aceitação, de contemplação, vemos as coisas de uma forma diferente e mais positiva. Também é uma forma de desligar do stress do dia a dia.” As mulheres são quem mais a procuram, se bem que tenham sido os homens a dar o maior contributo para a evolução do macramé. Em tempos idos, pelas mãos de velhos marinheiros que, com as cordas, teciam todo o tipo de protetores e estojos, sapatos, chapéus e cintos, que trocavam por outras mercadorias. Para começar, “é preciso fio, seja trapilho ou algodão, tesoura, umas boas mãos e inspiração”, elucida Francisca Magalhães. Nos workshops, ensina pormenorizadamente como se fazem os nós básicos “para que depois consigam fazer o que quiserem e terem o próprio tempo”.
Depois de um despedimento coletivo, no ano passado, e com duas doenças crónicas autoimunes, Adriana Saraiva isolou-se numa casa de campo onde se dedicou ao macramé, que agora é ocupação a tempo inteiro. No dia 4 de julho, dará o primeiro workshop, em Lisboa, depois de receber solicitações de quem a segue na página ou no site Sweet Home Portugal. Diz que “o macramé é uma terapia” e é isso que quer transmitir. Apesar de também criar elementos decorativos, aposta mais em peças funcionais e lançou uma coleção de brincos. Tem também fios para óculos, fitas para máquinas fotográficas, malas ou porta-cartas, e aceita pedidos à medida dos sonhos do cliente.
Apostada na sustentabilidade, Maria Guerreiro, da Macramé Mia, usou o que tinha aprendido no Secundário quando há cerca de três anos começou a construir as suas próprias obras, sempre com “materiais ecológicos e reutilizáveis que vêm das fábricas”. Se bem que use o tradicional fio em cruz, aplica muita cor na sua expansão criativa, num momento que encara “quase como um processo meditativo”.
Totalmente manual, este tipo de artesanato não exige quaisquer ferramentas para a sua execução. Os fios 100% algodão, trançados, lisos, finos ou grossos, são os mais indicados, mas podem ser outros para detalhes, acabamentos ou franjas, dependendo da imaginação de cada um.