
Nasceu na cabeça de um alemão, em 1823, e depressa se tornou num negócio rentável. Em Portugal, no regime de Salazar, era necessário licença para usar o isqueiro.
A chama surge com um simples gesto, mas a mecânica tem que se lhe diga. Uma roldana de metal rugoso roda sobre uma pedra dura através de uma mola e gera faísca. É o polegar que faz tudo acontecer num rápido movimento. A chama é regulável, o combustível foi variando ao longo do tempo – hidrogénio inflamável, nafta destilada, butano, gás propano. Agora, a ignição dá-se eletronicamente, o gás é ejetado a alta pressão, a chama resiste a ventos fortes.
Mas nem sempre foi assim e o pequeno objeto chegou a assemelhar-se a um maçarico em miniatura. Em 1823, há quase dois séculos, o químico alemão Johann Döbereiner inventava um dos primeiros isqueiros, que ficou conhecido como a lâmpada de Döbereiner. Havia um gás no interior, uma reação química, um catalisador de metal de platina, e tudo resultava numa grande quantidade de calor e luz. A ideia evoluiu e no início do século XX já se vislumbrava a forma dos isqueiros e aquele arranhar para provocar faísca.
Na Segunda Guerra Mundial, os soldados usavam cartuchos vazios como isqueiros e houve alguém na linha de combate que percebeu que uma pequena chaminé com furos tornava a chama mais resistente ao vento. Na altura, alguns empresários andavam atentos ao objeto. George Blaisdell, inventor norte-americano, foi um deles e, na década de 1940, avan çou com os isqueiros Zippo, com uma espécie de tampa e uma estratégia de marketing potente: o slogan “à prova de vento” e garantia vitalícia.
Em Portugal, durante o regime de Salazar, era necessária licença para o uso de isqueiros. Esse papel oficial custava 10 escudos e tinha de andar na carteira do dono.
Hoje o isqueiro não precisa de pedir licença e está mais sofisticado e personalizado.