Inês Sousa Real: a menina das marchas

Inês Sousa Real é jurista, deputada do PAN e candidata à presidência do partido

A candidata a líder do PAN não sai de casa sem o cantil e sem dizer “até já” à família multiespécies que construiu. Menina das marchas populares infantis, diz marchar agora “pela causa dos direitos humanos, dos animais e do Planeta”.

Nasceu no Hospital de Egas Moniz, cresceu nos Anjos, freguesia lisboeta marcada pela vida de bairro. Participou na primeira marcha infantil de Santo António, varina de sete anos, incentivada pela avó Lucília, figura central na vida de Inês Sousa Real, deputada e candidata à presidência do PAN. “Tal como a filha, minha mãe, é uma referência. Perdeu o marido e um filho muito cedo, mas nem por isso a bondade.” Já então, Inês “adorava animais”. Queria levar para casa todos os que via na rua. “Fazia birras, grandes birras, porque queria um jardim zoológico.” Recorda a Pombinha, galinha de estimação que lhe morreu de velhice.

A culinária reaviva memórias desses primeiros anos, era aluna da Voz do Operário e do Colégio São João de Brito. A couve-lombarda com salsichas ou a bola de carne da matriarca Lucília, agora confecionadas com enchidos vegan. Lá em casa, cozinha o marido: “E cozinha muito bem. Faz um Wellington de seitan memorável”.

Como será que a veem Micas e Luna, o gato e a cadela resgatados ao abandono, família de Inês, juntamente com Pedro? “Quero acreditar que verão em mim dedicação e amor, segurança, sobretudo a Luna que chegou a nós gravemente maltratada. E, claro, comida.” Ri.

Afirma gostar de pessoas tanto quanto gosta de animais. De assumir como suas as lutas de uns e dos outros “Sou feminista e não tenho medo à palavra. Na verdade, há ainda um longo caminho a percorrer no que diz respeito ao acesso das mulheres à liderança, inclusivamente na política.”

A amiga Tânia Mesquita, militante do PAN e fundadora do movimento Quebra a Corrente, dedicado à denuncia de animais acorrentados, conheceu Inês quando ela era provedora municipal dos animais de Lisboa, função que exerceu entre 2014 e 2017. “Irrita-se muito com o abuso sobre os animais, mas canaliza a irritação para a procura de soluções que evitam novos casos, de forma muito profissional e assertiva”, conta Tânia. Licenciada em Direito e mestre em Direito Animal e Sociedade, Inês de Sousa Real desempenhou funções de jurista na Câmara Municipal de Sintra. Coordenadora de uma pós-graduação na Faculdade de Direito da Universidade Lisboa, “é muito atenta, fala olhos nos olhos e nas réplicas tem sempre em conta o que ouviu”, diz a amiga.

Jorge Alcobia conheceu Inês no partido, corria o ano de 2007. “Deixa desde logo a imagem de pessoa bastante desenvolta, com capacidade de expressão, extrovertida. Sabe disfarçar nervosismo, gesticulando muito. Recorre muito à ironia. Não gosta de relatos que fujam à realidade e da preguiça. Desde logo porque é muito trabalhadora.” Longe vai o tempo das birras. “Fala com clareza e de forma assertiva, mas tem visão abrangente. É consensual, capaz de ouvir e agregar, como revela a lista da comissão política nacional que apresenta.” Direta, não nega que assume o PAN como partido de poder. “Daqui a dez anos, vejo-a ministra e só não vou mais longe porque sou realista.”

A candidata a líder do PAN, que assume ter como defeito a teimosia, não sai de casa sem o cantil, de forma a evitar servir-se de plásticos. E sem dizer “até já” à família multiespécies que construiu. No caminho para o Parlamento, ouve Pearl Jam, Amy Winehouse, David Bowie, GNR ou Deolinda. O dia sonhado da abolição das corridas de touros seria “o dia perfeito”.

Menina das marchas populares – “Se um dia me convidassem para madrinha, era bem capaz de aceitar” -, diz marchar agora “pela causa dos direitos humanos, dos animais e do Planeta”. Quanto a ser ministra: “Não vou dizer que não gostava. Gosto de servir”.

Paula Inês Alves de Sousa Real
Cargo:
jurista, deputada do PAN e candidata à presidência do partido
Nascimento: 06/06/1980(40 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Lisboa)