“Gorjetas digitais” evitam tocar em dinheiro

Miguel de Melo, da Classihy, no Tapas Bar 52, em Lisboa, um dos seis espaços onde a solução já funciona em pleno

Startup portuguesa criou a “Classihy tips”, uma solução que permite, através do smartphone, avaliar o empregado de um restaurante ou hotel, gratificá-lo e ajudá-lo a atingir objetivos.

A pandemia covid-19 “reduziu drasticamente” as gratificações dos funcionários do setor da restauração e hotelaria, porque há poucos turistas e também porque ainda há, entre muitos clientes, receio de tocar em dinheiro. Depois de estudar a situação, através de um inquérito aos trabalhadores, a startup portuguesa “Classihy” criou uma forma de dar “gorjetas digitais” ao empregado de mesa ou ao funcionário de um hotel. Tudo através do smartphone, sem ter de pegar em notas ou moedas.

A “Classihy Tips” é uma solução que funciona através de um QR Code ou acedendo a classify.com. Ou seja, não é necessário descarregar qualquer aplicação para o telemóvel e pode ser usada sem registo ou inscrição. Se aceder com o QR Code, disponibilizado no restaurante aderente ou até pelo funcionário, o cliente entra diretamente no espaço em que se encontra e só tem de identificar o empregado que o atendeu (o nome e a fotografia estão visíveis), avaliá-lo e gratificá-lo com a quantia pretendida. Pode também atribuir a “gorjeta” a toda a equipa. O pagamento é feito através de cartão de crédito ou Apple Pay e Google Pay. As gratificações estão predefinidas e começam em dois euros, mas podem ir até aos cem euros. O dinheiro é colocado na conta Classihy de cada colaborador, que pode pedir a transferência para a sua conta bancária a qualquer momento. Do valor recebido, são descontados 5% para cobrir os custos relacionados com as transações bancárias e a manutenção da conta.

Miguel de Melo, diretor de marketing da Classihy, realça que o processo começa sempre por sugerir ao cliente que dê uma opinião positiva, porque acredita que “as boas equipas se constroem pela positiva” e através de comentários construtivos também é possível perceber o que há para melhorar.

A funcionalidade também permite que os funcionários definam objetivos pessoais para as gorjetas que vão receber e tornem essa informação pública para os clientes verem e, se quiserem, contribuírem. Por exemplo, um empregado de mesa define como objetivo a compra uma bicicleta elétrica porque está preocupado com o ambiente. O cliente vê, identifica-se com aquela preocupação, gostou do atendimento e contribui para aquele objetivo, explica Miguel de Melo, considerando que esta funcionalidade “aproxima o colaborador do cliente”.

Os dois mil estabelecimentos que aderiram à Classihy já têm a funcionalidade ativada, mas o processo de registo dos colaboradores ainda está a começar. “Neste momento, temos seis com funcionários inscritos, estamos a preparar a chegada da época do turismo, pois são estes clientes que dão mais gratificações”, refere Miguel de Melo. Se a experiência correr bem, o objetivo é alargar a outros setores de atividade, como a distribuição.