Escova de dentes nasceu atrás das grades

Escova de dentes com cabo de prata dourada feita para o imperador Napoleão Bonaparte (1769-1821)

O modelo mais parecido com o que temos hoje foi criado por um prisioneiro inglês no século XVIII e inspirado numa vassoura.

A escova de dentes mais antiga do Mundo terá mais de cinco mil anos. Foi encontrada no Egito e era um artefacto muito rudimentar: um ramo com uma das pontas desfiadas, que servia para a escovagem. Ao longo dos tempos, nas diferentes civilizações, usaram-se palitos de madeira, palitos de ouro, panos de linho impregnados de óleos e loções… – tudo para limpar os dentes. Porém, a história da primeira escova de dentes que foi produzida em massa e que viria a impor o atual hábito de higiene oral remonta ao século XVIII em Inglaterra. E nasceu atrás das grades.

Em 1770, o britânico William Addis foi preso por causar tumultos em Siptalfields. No cárcere, cansado de usar um pedaço de tecido para tirar a sujidade dos dentes, o mais comum na época, inspirou-se na forma como as vassouras removiam o lixo das superfícies e decidiu aplicar o modelo à higiene oral. Mas como fazê-lo na prisão? Pegou num osso que sobrou de uma refeição e fez pequenos furos ao longo de uma das extremidades mais largas. Juntou cerdas de pelo animal, amarrou-as com linha em pequenos molhos, que colou nos furos. Estava criado o modelo que ainda hoje é usado em todo o Mundo.

Já em liberdade, Addis montou o seu negócio de escovas de dentes e enriqueceu rapidamente. O inventor morreu em 1808 e já não viria a assistir à evolução das cerdas de pelo animal para os fios de nylon, o que só aconteceu em 1938. Mesmo nascendo na prisão, só a partir da Primeira Guerra Mundial é que o uso de escovas de dentes deixou de ser um hábito exclusivo dos ricos e se generalizou.