Envelope: estranha forma de envolvência

Apesar de já na Idade Média haver registos de cartas dobradas, só no século XVII a sociedade europeia reconhece a importância do envelope (Foto: Unsplash)

Os primeiros envelopes foram usados pelos babilónios, há quatro mil anos. Para que as mensagens fossem invioláveis recorriam... ao barro.

É um cenário inverosímil, mas a investigação não deixa dúvidas: os primeiros envelopes da história eram de barro. Obra dos babilónios que, por volta do ano 2000 a.C., viam neste material uma forma de garantir a inviolabilidade das mensagens, também de barro. Se apontarmos aos primórdios do envelope atual temos de pensar nos correios organizados, na substituição do pergaminho pelo papel, na burguesia europeia. Surge então a necessidade de criar um invólucro adequado aos novos tempos.

Mas a evolução leva tempo. Apesar de já na Idade Média haver registos de cartas dobradas, só no século XVII a sociedade europeia reconhece a importância do envelope. A primeira referência é do diplomata francês Antoine de Courtin, que defendeu que este era sinal de respeito ao superior a quem se escrevia. Quem também teve um papel crucial no processo foi a Assembleia Francesa, que em 1792 acabou com a anarquia que imperava nos correios, obrigando a colocar a morada do destinatário no envelope. Três décadas depois, foi a vez de a Assembleia Constituinte francesa dar nome a todas as ruas de Paris. Estava desbravado o caminho para a distribuição do correio domiciliário, que começou em 1830.

A história não se completa sem mais duas figuras: o inglês William Mulready, membro da Royal Academy, que em 1840 inventou uma cobertura padrão de franqueio pago, abrindo caminho à uniformização; e um americano de que só se conhece o apelido (Pierson), que em 1843 engendrou um novo método de cortar papel – à mão – que inspirou o atual formato.

Os babilónios terão sido os primeiros a recorrer ao envelope, ainda que na altura fosse de barro