Já foram feitos de espinhos de plantas, de ossos, de espinhas de peixe. Ou até de chumbo, para acudir aos ruivos.
Primeiro, a etimologia. Pente vem do latim “pecten”, nada menos do que o exuberante molusco marinho que pode ver na imagem. Por surreal que pareça, foi com a concha que o envolve (possui mais de 100 espinhos num alinhamento quase perfeito) que o ser humano começou por se pentear. O primeiro “upgrade” surgiu na Babilónia, quando começaram a ser usados espinhos de plantas. Depois, foram os ossos e os fragmentos de madeira. Mas só a civilização egípcia deu a este objeto uma relevância inaudita. Para os egípcios, os pentes eram artigos de luxo, incrustados com pedras preciosas e ouro. Corre mesmo uma versão que garante que Cleópatra não dispensava um pente feito de espinhas de peixe.
Mas também os romanos tiveram um papel fundamental nesta história. Foram eles os responsáveis por conceber um modelo semelhante ao que hoje usamos, fabricando um pente pequeno e portátil que, pasme-se, costumava ser usado nos intervalos das ferozes lutas travadas no Coliseu de Roma. Entretanto veio a Idade Média e com ela pentes de chumbo, que tinham o duplo propósito de escurecer e disfarçar a cor dos cabelos ruivos – porque nessa altura as pessoas com essa coloração capilar eram desprezadas (e até perseguidas) pela sociedade.
Mais tarde, Luís XIV, o Rei Sol, conhecido pela farta cabeleira, haveria de fazer deles símbolo de luxúria, mandando fabricar pentes em ouro e prata maciços, cravejados de pedras preciosas. O cariz luxuoso perder-se-ia com o tempo, mas o pente – versão mundana, pois – não mais nos largou o quotidiano. A bem da nossa compostura capilar.