
O homem forte do Banco Privado Português foi detido na África do Sul, ao fim de mais de dois meses em fuga. Mas a Justiça portuguesa ainda tem um calvário pela frente até uma possível extradição para Portugal. O banqueiro não dá sinais de se render.
Passo a passo
João Rendeiro saiu de Portugal a 14 de setembro, num voo com destino a Londres. Da capital inglesa, três dias depois, seguiu num jato privado para Doha, no Catar, de onde apanhou um avião para Joanesburgo, na África do Sul. Chegou a 18 de setembro com visto de turismo e instalou-se na zona rica de Sandton. Terá circulado pelo país – conseguiu autorização de residência há um mês – para dificultar a detenção até chegar a Durban, a um hotel de luxo, onde foi detido a 10 de dezembro, pela polícia local, após um mandado internacional. Esteve dois dias numa cela da esquadra de Durban Norte, depois foi transferido para a prisão de Westville, uma das mais perigosas do país e onde diz ter sido ameaçado de morte.
Planeou contrariar extradição
A Polícia Judiciária garantiu já saber do paradeiro do ex-banqueiro antes de a mulher o ter revelado em tribunal. Terá sido um amigo de João Rendeiro na África do Sul a pôr a PJ na rota certa. Mas o fugitivo previu, há meses, a hipótese de ser detido e mal chegou à África do Sul contratou a advogada June Stacey Marks, especialista em crimes de colarinho branco e casos internacionais, preparando a defesa à extradição para Portugal, onde tem uma pena de cinco anos e oito meses para cumprir por crimes económico-financeiros.
“Não vou regressar a Portugal”
João Rendeiro
Ex-líder do BPP
E agora?
O Ministério Público português tem de formalizar o pedido de extradição e é o Ministério dos Negócios Estrangeiros que envia o pedido ao congénere sul-africano. Para chegar aos tribunais, o documento passa ainda pelo Ministério da Justiça local. Quem decide se há extradição é o ministro da Justiça da África do Sul. Como Rendeiro se opõe, alegando uma “caça às bruxas” e “perseguição política”, o processo poderá levar meses.
12 cartões bancários
Foram encontrados no momento da detenção, e podem ser o caminho para várias contas offshore onde terá escondido o dinheiro, além de três passaportes falsos.