Cem anos de espírito seareiro

Num Portugal profundamente desigual, analfabeto e economicamente enfezado, nascia a Seara Nova, projeto editorial “de doutrina e crítica” que fixa, logo no editorial do n.º 1, datado de 15 de outubro de 1921, a moral que seria o farol ao longo de cem anos: “Em democracia quem mente ao povo é réu de alta traição”.

A Seara Nova – fundada por Aquilino Ribeiro, Augusto Casimiro, Azeredo Perdigão, Câmara Reys, Faria de Vasconcelos, Ferreira de Macedo, Francisco António Correia, Jaime Cortesão, Raul Brandão e Raul Proença – afirmou-se como um espaço de diálogo, de abertura às ideias do progresso e divulgação cultural, sem medo da intervenção política. Sobreviveu à censura do Estado Novo sempre como oposição ao fascismo, fintou dificuldades financeiras, reinventou-se no pós-25 de Abril e está agora a celebrar o centenário com uma edição especial e uma exposição itinerante. O “espírito seareiro”, que contagiou vultos como José Saramago, Agostinho da Silva, Lopes Graça, Fernando Namora, Gago Coutinho ou Vitorino Nemésio, está vivo e recomenda-se.

 

N.º 1, 15 de Outubro de 1921
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