Caneca, uma história até ao osso

As primeiras canecas davam pouco jeito para beber

Surgiram há dezenas de milhares de anos, com uns quantos problemas pelo meio: ora eram frágeis, ora eram grossas, ora queimavam.

É preciso recuar ao ano dez mil antes de Cristo (leu bem, dez mil) e à zona este da Ásia – algures entre a China e o Japão – para descobrir o rasto das primeiras canecas alguma vez usadas. Vivia-se então a Idade da Pedra, em que esta era matéria-prima para quase tudo.

As alternativas cingiam-se então à madeira, aos ossos e pouco mais. Foram precisamente estes últimos a servir de base ao aparecimento das primeiras réplicas deste objeto (na altura, também os crânios de animais terão servido o mesmo propósito). Da mesma altura são também as canecas de madeira, ainda que dessas quase não nada tenha restado.

É já mais tarde, a partir do ano 2500 a.C., que os materiais se diversificam – no espaço de umas centenas de anos, surgem as canecas de cerâmica, feitas na roda de oleiro, mais tarde as de metal (ouro, prata, bronze, chumbo…), cada uma com os seus problemas.

As primeiras eram demasiado grossas, o que dava pouco jeito para beber. As segundas resolveram essa questão, mas eram o cabo dos trabalhos com as bebidas quentes, tendo valido incontáveis queimaduras.

É só a partir dos anos 600 a.C., com a invenção das canecas de porcelana, usadas até aos dias de hoje, que este objeto se torna, por fim, mais prático. O resto da história conta-se em poucas palavras: resolvido o aspeto funcional, a evolução da caneca passou a fazer-se quase unicamente ao nível da estética e do design. Ao ponto de termos algumas que são verdadeiras obras de arte.