Cancro oral. Na boca, nos lábios, nas bochechas, nas gengivas, na língua

É o sexto cancro mais comum no Mundo. Atenção aos sinais. Uma ferida que não cicatriza, uma úlcera que não sara, uma mancha branca ou avermelhada, uma massa endurecida. O tabaco e o álcool são fatores de risco.

Portugal é o segundo país da Europa com maior taxa de incidência da doença: 15 em cada 100 mil portugueses têm cancro oral e dois em cada três casos são detetados em fase avançada, segundo a Ordem dos Médicos e o Grupo de Estudos de Cancro da Cabeça e do Pescoço. Detetada no início, tem uma taxa de cura entre 80 e 90%.

A patologia afeta a cavidade oral e pode desenvolver-se em qualquer parte, nos lábios, nas bochechas, nas glândulas salivares, na língua, entre outras zonas. “Os casos mais graves e mais comuns na cavidade oral localizam-se no pavimento da boca (mucosa abaixo da língua) e nos bordos da língua”, adianta Ana Jácome, médica de Medicina Oral na Malo Clinic, em Lisboa. “O cancro oral pode alastrar-se ao resto do corpo, sendo que os gânglios adjacentes (presentes no pescoço) funcionam como uma ‘sentinela’ que avisa quando as células cancerígenas já se estarão a alastrar para o resto do corpo”, explica.

Os homens, entre os 45 e os 65 anos, têm maior propensão para o cancro oral. Nos últimos anos, porém, devido aos hábitos de consumo de tabaco e álcool, a incidência nas mulheres tem vindo a aumentar. Segundo a especialista, “o tabaco e o álcool são dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento deste cancro, sendo que quem fuma e/ou bebe tem oito vezes mais probabilidade de vir a desenvolver um cancro oral”. Por isso, é importante evitar esses hábitos, assim como apostar numa alimentação equilibrada, rica em antioxidantes.

O cancro oral pode ser detetado numa fase inicial e não evoluir para um problema maior, caso as pessoas visitem regularmente o dentista e façam rastreios

“Este é um cancro muito mutilante e traumatizante: uma pessoa com a boca come, fala, socializa e tudo isto é afetado em situações muito graves.” É um cancro, acrescenta a médica, “associado a níveis de mortalidade elevados devido ao diagnóstico tardio, uma vez que numa fase inicial não dá dores, nem apresenta sintomas.”

Há sinais de alerta. Atenção a eles. “Por exemplo, caso se tenha uma ferida na boca que não cicatriza há mais de 15 dias, sem que exista algum fator responsável por essa lesão, como um dente partido ou uma prótese mal ajustada, poderá ser sinal de cancro oral.” O cancro pode manifestar-se de várias maneiras, uma úlcera que não sara, uma mancha de cor branca ou avermelhada, uma massa endurecida. Em caso de suspeita, o médico dentista faz uma biopsia para remover a lesão ou uma parte dela e envia para laboratório para confirmar ou afastar o diagnóstico de cancro.

Quanto mais cedo for detetado, melhor. Quanto menor a lesão, melhor também. Em caso de lesão maior, Ana Jácome explica que é removida uma parte para se poder classificar o tipo de tumor, fazer outros tipos de exames complementares e a programação dos tratamentos, que podem passar por uma cirurgia alargada, radioterapia e quimioterapia.

“No dentista não se veem apenas os dentes, mas todo o interior da boca”, sublinha a médica. É essencial ir ao dentista com regularidade e fazer rastreios para uma observação sistematizada de todas as estruturas da cavidade oral, como os lábios, as gengivas, a língua, bochechas, glândulas salivares, o pescoço. A Malo Clinic Lisboa faz rastreios orais gratuitos durante o mês de novembro.