A rapariga que Madonna beijaria em 2003, na abertura de MTV Video Music Awards, vendeu mais de 37 milhões de álbuns antes de completar 20 anos, tornando-se a mais jovem artista a entrar na lista de recordistas de vendas de discos. A fortuna crescia exponencialmente e, com ela, o calvário. Tutelada pelo pai, quer agora libertar-se.
Miss Britney Jean – nascida a 2 de dezembro de 1981 em McComb, recôndita cidade americana do Mississipi que deve a fama ao evento, cresceu em Kentwood, rota dos tornados que cruzam o estado de Luisiana – cedo agitou as águas. Aos três anos, frequentava aulas de ginástica, de dança e de voz, arriscava-se a solo no recital do jardim-escola e não havia concurso infantil de talentos de que não saísse vitoriosa. Aos cinco anos, estreia-se com “What child is this?”, canção de Natal escrita no século XIX em Inglaterra e, aos oito anos, a voz de menina impressionou a indústria, sendo aconselhada a ingressar na Performing Arts School, em Nova Iorque.
Em dezembro de 1992, entrava no The Mickey Mouse Club ao lado de Christina Aguilera, Justin Timberlake, Ryan Gosling e Keri Russell. A rapariga que Madonna beijaria em 2003, na abertura dos MTV Video Music Awards, estava lançada. Antes que completasse 20 anos vendeu mais de 37 milhões de álbuns em todo o Mundo, tornando-se a mais jovem artista a entrar na lista de recordistas de vendas de discos no Planeta. A fortuna crescia exponencialmente e, com ela, o calvário.
Britney Jean (a irmã do meio) é filha de Lynne Irene Bridges, professora primária, e de Jamie Parnell Spears, um promotor imobiliário cedo empenhado na carreira da filha. A dependência de drogas e “comportamentos instáveis” da cantora permitiram ao ex-marido Kevin Federline pedir a tutela dos filhos e a Parnell Spears o direito de gerir a vida “de uma criança adulta a meio de uma crise de saúde mental”, na descrição do progenitor.
A guarda, a princípio temporária, leva já 13 anos. Uma década à mercê do tutor. Impedida de contratar um advogado e de decidir sobre a sua fortuna. De casar. De ser mãe de novo. Obrigada a usar um dispositivo anticoncecional intrauterino. A frequentar institutos de saúde mental. A tomar lítio. Diz o “The New York Times” que a cantora terá encarado isso como um castigo por levantar objeções durante um ensaio a propósito da sua residência em Las Vegas. Num desses concertos, afirma ter sido forçada a atuar com febre. “Foi um dos momentos mais assustadores”, disse.
Ao longo deste tempo, expressou várias vezes desejo de pôr fim à “ferramenta opressora”. A declaração foi reiterada no Tribunal Superior de Los Angeles, por videochamada, há uma semana. Perante a juíza Brenda Penny, a cantora afirmou-se “traumatizada”, “revoltada” e “deprimida “e pediu o fim da tutela. Quer casar. Quer ver os filhos quando lhe apetecer. Quer retirar o dispositivo intrauterino e tentar engravidar. Quer gerir o dinheiro que ganhou ao longo de 20 anos. Mesmo sob tutela, a sua carreira foi um sucesso. Em 2002, a “Forbes” declarava Spears a celebridade mais poderosa do Mundo. Admira Whitney Houston, Janet Jackson e Madonna, de quem se tornou íntima e que a influenciou a aderir ao esoterismo cabalista.
Depois de mais de uma década de silêncio e fotos felizes nas redes sociais, Britney Spears “quer partilhar a sua história e quer ser ouvida” pela Justiça. “Mereço ter uma vida. Não sou escrava de ninguém.” Tem 39 anos e declara-se maior e vacinada. Há muitos anos que canta: “Não sou uma miúda, não me diga para fechar os olhos, não me diga em que acreditar”.
Britney Jean Spears
Cargo: cantora, compositora, atriz
Nascimento: 02/12/1981 (39 anos)
Nacionalidade: Norte-americana
