Susana Romana

Bolsonaro, o vulcão e as eleições

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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Domingo foi dia de eleições autárquicas. O poder local é aquele que tem uma maior proximidade do cidadão, por isso esperamos que não tenha perdido a oportunidade de tentar eleger para a Junta aquele ex-colega de quem tem fotos vergonhosas na viagem de finalistas a Lloret Del Mar. Podem dar jeito da próxima vez que precisar de insistir para que arranjem um buraco na sua rua.

2

Os preços da eletricidade no mercado ibérico têm disparado, não sendo ainda certo como serão os aumentos para o consumidor. Suspeito que depois da moda das dietas paleo, vamos agora ter de adotar a moda de viver outras partes da nossa vida como se estivéssemos no paleolítico, a iluminar a gruta com uma fogueira e a ver gravuras em vez de televisão.

3

O cl vai mesmo mudar-se para Coimbra, contra a vontade de vários juízes. Muitos deles falam de ter de ir até Coimbra como se fosse ir até Kinshasa ou até às ilhas perdidas da Atlântida. Foram os bilionários ao espaço com mais descontração do que esta malta se mete na A1.

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Continuam as retiradas de pessoas das imediações do vulcão Cumbre Vieja, em La Palma, Canárias, Espanha. Ficou viral o vídeo de um senhor espanhol que assegurava, calmamente, que ainda dava tempo para almoçar. É isto que une os povos ibéricos: um bom rojão é mais importante que um vulcão.

5

A Pfizer/BioNTech anunciou que a sua vacina é “segura”, “bem tolerada” e gerou uma resposta imunitária “robusta” em crianças entre os 5 e 11 anos. Será que também vai haver crianças de 7 anos a recusarem-se a levar a vacina porque fizeram a sua própria pesquisa cientifica, quiçá no Canal Panda? Até porque 7 anos aparenta ser a idade mental dos negacionistas.

6

Bolsonaro foi obrigado a jantar no meio da rua em Nova Iorque, onde estava a participar na Assembleia Geral da ONU, por não ter sido vacinado contra a covid-19 e não poder entrar em restaurantes. Tal como a covid é só uma gripezinha, esta proibição também foi só um piqueniquezinho.

7

Celebrou-se na passada quarta-feira o Dia Europeu sem Carros. Não deu por nada? É normal, raras autarquias assinalaram a data, encalhada no final da campanha eleitoral. A maioria das pessoas celebraram presas no trânsito, que é mais ou menos como ir celebrar o Natal a Meca.

8

O momento alto do dia foi mesmo ver Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista Zero, vestido de Zorro no meio da Avenida da Liberdade. Mas, se queria parar o trânsito, devia ter ido vestido de Marilyn Monroe.