Beyoncé: a empoderada

Beyoncé é cantora, produtora, compositora, atriz

Sabe o que “realmente quer”. O que “a faz feliz”. O que não “tolera nem tolerará”. Aprendeu que cuidar de si própria é uma tarefa pessoal e intransmissível. “E isso é muito libertador.” É a artista viva mais popular e a mulher mais premiada de toda a história dos Grammy.

A noite mais importante da indústria musical encerrou com um recorde. A artista viva mais popular, para a revista “The New Yorker”, tornou-se a mulher mais premiada de toda a história dos Grammy, colecionando 28 troféus. Quatro, só este ano: “Melhor música de rap”, “Melhor performance de rap”, “Melhor videoclipe” e “Melhor performance de R&B”.

Chama-se, claro, Beyoncé. Subiu ao palco vestida de negro, empoderada em talento e peças reveladoras, com dose certa de modéstia. “Trabalho desde os meus nove anos de idade. Nem acredito que isso aconteceu. Esta noite é mágica.”

Beyoncé não canta apenas sucessos globais. A mulher que usa perucas loiras e lisas e se orgulha dos traços de negra, sem temer contradições, canta slogans que direcionam e refletem a cultura contemporânea, a marcha dos movimentos feministas, influenciando os conceitos de raça e de género. Grávida transformou-se em deusa da fertilidade. Deprimida (admitiu a depressão severa em 2006), na voz coletiva de mulheres silenciosas. Descrita como empreendedora implacável, soube desenvolver a sua influência em várias plataformas tecnológicas.

Apaixonou-se pela música aos sete anos, vencendo o primeiro concurso de talentos. A interpretação de “Imagine”, de John Lennon, chegou ao “Houston Chronicle”, jornal da cidade de onde é natural. Porém, o primeiro grande reconhecimento do talento da texana viria em 1997, era então membro das Destiny’s Child, banda de R&B que vale 50 milhões de discos vendidos.

De tal forma que em 2003 lançou o álbum de estreia a solo, “Dangerously in love”. O álbum e os singles “Crazy in love” e “Baby boy” alcançaram o primeiro lugar na tabela Billboard Hot 100. No ano seguinte, recebeu cinco Grammy Awards.

Começava assim o caminho estelar da filha de um empresário musical afro-americano e de uma cabeleireira descendente de crioulos da Louisiana, criada por tio homossexual, figura central na vida da cantora: “Apesar da minha forte educação religiosa, ele foi a pessoa mais importante para mim. Levava-me à escola todos os dias, ajudou-me a comprar o meu vestido de baile. Nunca misturei o cristianismo com o que eu sentia por ele”. Ninguém estranha por isso o ativismo da cantora, a favor dos direitos LGBT, desde logo o apoio à igualdade no casamento. Tem em Michael Jackson a maior influência musical. Admira Diana Ross e Whitney Houston. Em criança tentava imitar Mariah Carey. Prince, Sade Adu, Donna Summer e Anita Baker são outras figuras que a marcam, na vida e na música. B’Day, segundo álbum a solo, dominado pelo feminismo e o empoderamento feminino, foi inspirado pela cantora Josephine Baker.

É amiga e admiradora de Michelle Obama e Oprah Winfrey. A Madonna foi buscar força para assumir o controlo da própria carreira. Beyoncé sabe o que “realmente quer”. O que “a faz feliz”. O que não “tolera nem tolerará”. Aprendeu que cuidar de si é uma tarefa pessoal e intransmissível. “E isso é muito libertador”, sublinha.

Beyoncé Giselle Knowles-Carter
Cargo:
cantora, produtora, compositora, atriz
Nascimento: 04/09/1981 (39 anos)
Nacionalidade: Americana (Houston)