Nasceu em Israel, estudou nos Estados Unidos. É descrito como um homem manipulador, com autoestima alta. Neoliberal e mitomaníaco. Não confia em ninguém, usa os outros para garantir a sua sobrevivência.
O homem que dominou a política israelita durante os últimos 12 anos está agora a lutar pela sobrevivência no poder, com o país mergulhado em instabilidade governativa, crise manifestada em eleições sucessivas, que o recente recrudescimento da violência contra a Palestina tem tornado insustentável.
Benjamin Netanyahu, o único primeiro-ministro nascido após a criação de Israel, segue a tradição ideológica do pai, um historiador sionista favorável a um grande Estado judaico. Ambos se opuseram aos acordos de Oslo, caminho israelo-palestiniano para a paz que custou a vida a Yitzhak Rabin, em novembro de 1995. Ambos creem na noção de um país em perigo perpétuo, convictos de que o Irão é uma ameaça existencial tão séria quanto fora a Alemanha nazi.
“Benjamin Netanyahu construiu a sua figura política em torno de uma imagem de força e da ideia segundo a qual os judeus não podem conformar-se com uma fé morna, devendo mostrar-se tão duros quanto a região em que vivem”, escreveu o ex-presidente Barack Obama. Há quem o defina um neoconservador segundo o modelo norte-americano. De facto, imigrado nos EUA desde os 14 anos, o país inspirou o jovem Netanyahu. Formado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts e na Universidade Harvard, fascinou-se pelo sistema político, social e económico da federação, que irá querer implementar em Israel.
Em 1970, após a Guerra dos Seis Dias (1967), cumpriu, com Yoni, o irmão mais velho, o serviço militar em Israel. A morte de Yoni, em 1976, durante a ação para libertar os reféns de um voo Telavive-Paris, marcaria para sempre Netanyahu, que faria da “luta contra o terrorismo” um dos lemas da carreira, iniciada na diplomacia: foi embaixador de Israel na ONU, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e vice-ministro no gabinete do primeiro-ministro (1991-1992).
Foi em 1996 que Bibi – diminutivo que detesta -, então um jovem e inexperiente político, surpreendeu o Mundo, ao derrotar o peso-pesado da política israelita Shimon Peres, nas primeiras eleições por sufrágio universal. Nada fazia crer que o líder trabalhista falharia a eleição e, menos ainda, que o recém-eleito se tornaria o primeiro-ministro que mais tempo permaneceria no poder em Israel, cavando trincheiras. Adorado por uns, odiado por outros.
O primeiro mandado terminou em 1999. Quase três anos marcados por escândalos, uma grave crise económica e o bloqueio do processo de paz. Em 1996, ao autorizar a abertura de um túnel junto à Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, provocou os mais violentos confrontos desde a primeira Intifada. Voltaria dez anos depois. De novo líder do Likud. Mais experiente, sempre intransigente, a exigir paz sem dar nada em troca. Em 2013, “The Guardian” chamava-lhe “homem forte com coração temeroso”. Em declarações ao jornal inglês, Yuval Diskin, diretor do Serviço de Segurança Interna “Shin Bet” definia-o como “uma mistura de ideologia, um profundo sentimento de que ele é um príncipe de uma ‘família real’ da elite de Jerusalém, ao lado da insegurança e um profundo medo de assumir a responsabilidade”.
“Há, há muito tempo, uma pergunta sobre Netanyahu: nele, o que é falso e o que é real”, questiona Avishai Margalit. O professor de Filosofia e amigo íntimo do irmão Yoni acrescenta que é um “mitomaníaco” propenso a um grande sentido da própria “grandeza”, apegado a crenças extremamente fortes. Colin Shindler, professor na School of Oriental and Asian Studies de Londres, resume: “Ele não confia em ninguém e o seu valor fundamental é garantir a própria sobrevivência, motivo pelo qual usa as pessoas e depois as afasta”. A sobrevivência política de Netanyahu é cada vez mais uma miragem.
Benjamin Netanyahu
Cargo: primeiro-ministro de Israel e líder do partido Likud
Nascimento:21/10/1949 (71 anos)
Nacionalidade: Israelita
