As variantes da covid-19 que nos afligem

As variantes inglesa, sul-africana e brasileira têm em comum uma mutação (511) na proteína S (Spike) (Foto: PxHere)

Desde o início da pandemia, o vírus que provoca a covid-19 já sofreu milhares de mutações. A maioria não tem interesse especial, mas há pelo menos três que preocupam os cientistas. Umas são mais contagiosas e agressivas e outras ameaçam a eficácia das vacinas.

45%
É a prevalência da variante britânica nos novos casos de covid-19 em Portugal. Pela forma como “varreu” o Reino Unido e alastrou em Lisboa e Vale do Tejo não há dúvidas de que é muito contagiosa. Mas, ao contrário do que se dizia inicialmente, parece ser também mais perigosa: um estudo recente indica que poderá ser 70% mais mortal do que se pensava.

Vacinas adaptadas vão chegar mais rápido
As vacinas existentes são eficazes contra a variante britânica, a que mais preocupa em Portugal. Quanto à variante sul-africana ainda há dúvidas. A boa notícia é que a União Europeia decidiu acelerar o processo de autorização de vacinas que sejam modificadas para atuar nas novas variantes. Não precisam de passar por todos os passos novamente, cumprindo os requisitos de segurança.

“Em termos gerais, as mutações que preocupam as autoridades de saúde portuguesas e mundiais são as que aparecem na zona do vírus que está associada à ligação às nossas células, ou seja, as que fazem com que o vírus entre mais facilmente na pessoa”
João Paulo Gomes
Investigador do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge

João Paulo Gomes, epidemiologista do Instituto Nacional Ricardo Jorge
(Foto: Orlando Almeida/Global Imagens)

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O número de casos detetados da variante sul-africana em Portugal. São poucos, mas a preocupação é grande, pois esta nova edição do vírus ameaça pôr em risco a nossa maior esperança, a eficácia das vacinas.

Mutações dificultam combate à pandemia
As variantes inglesa, sul-africana e brasileira têm em comum uma mutação (511) na proteína S (Spike) do vírus que faz a ligação às células humanas, tornando-o mais eficaz nesta missão e, por isso, mais contagioso. As variantes sul-africana e brasileira acumulam outra mutação (484) que ajuda o vírus a “esconder-se” dos anticorpos. O que pode comprometer a eficácia das vacinas e facilitar as reinfeções.