As malas sustentáveis que são para toda a vida

Maria João e Elena Tourón criaram a marca Carui, de malas com design arquitetónico, minimalista e intemporal, inspiradas na cidade do Porto

Usam restos de fábricas de tecidos e o desperdício de peles da indústria alimentar. As carteiras da Carui são amigas do ambiente e têm design minimalista para passarem de geração em geração.

A moda corre-lhes no sangue há mais de uma década, só não esperavam algum dia ter coragem de se aventurarem numa marca própria. Tiveram. Maria João, do Porto, e Elena Tourón, da Galiza e a viver em Braga, roubaram inspiração às ruas da Invicta e criaram malas sustentáveis, de design arquitetónico e intemporal, para passar de mães para filhas e durarem uma vida. A Carui nasceu em dezembro e todas as carteiras são batizadas com nomes de mulheres: da Luísa à Maria Ana.

As duas criadoras conheceram-se na Sonae Fashion – detentora de marcas como a Zippy, a Salsa e a Mo – e foi um concurso de ideias de negócio que desafiou os colaboradores a dar-lhes o empurrão. Candidataram-se e ganharam. Maria João é de design de comunicação, Elena de gestão. Ao emprego juntaram, em 2019, o trabalho para desenvolverem uma marca de raiz, com duas licenças de maternidade pelo meio. Nasceram a Vera e o Martiño. Foi entre as sestas dos filhos que inventaram a Carui, a marca de ADN portuense.

“Havia pouca oferta no mercado de acessórios feitos de forma sustentável. E começámos a desenvolver carteiras”, explica Maria João. Usam restos de tecidos de fábricas de têxtil e reaproveitam peles do desperdício da indústria alimentar, de criação de gado, que não utiliza químicos. “Os fornecedores são todos perto de casa, tudo na marca tem essa preocupação. As etiquetas são em cartão reciclado, as embalagens também. Isto não é uma moda, é o futuro.” E as sobras de tecido ainda deram pretexto para outros acessórios: bandoletes, turbantes, “scrunchies” (elásticos de cabelo volumosos).

O design? Minimalista, à boleia das tendências, “mas não de forma a que daqui a uns anos esteja fora de moda”. As malas estão carregadas de linhas arquitetónicas como as que se desenham pela cidade do Porto. São feitas pelas mãos de artesãos portugueses. Há pequenas, médias e grandes, que ganham nomes de “pessoas importantes” para as duas criadoras. Os preços na loja online vão dos 140 aos 270 euros. Cada peça é numerada, escrevem à mão o número na etiqueta. “As formas são simples e combinam com diferentes estilos. A ideia é servir o imaginário que temos das carteiras das nossas mães, que passavam de geração em geração.”

E o apelo é ao consumo consciente, a largar os guarda-roupas extensos. “Queremos incentivar o investimento em menos peças e mais nas que duram muito tempo”, conclui Maria João.