Análise regular ao sangue pode salvar do cancro da próstata

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Homens acima dos 50 anos devem manter-se alerta e ter acompanhamento médico regular. Nova campanha quer assinalar o Dia Mundial do Combate ao Cancro da Próstata e alertar para a vigilância.

Durante a vida, um em cada sete homens são confrontados com o diagnóstico de cancro da próstata. Mas, apesar da incidência significativa da doença – já é o tumor mais detetado no sexo masculino -, há ainda estigmas e desconhecimento acerca da vigilância e do tratamento.

“Um exame simples com base numa amostra de sangue” pode fazer a diferença, simplifica Joaquim Domingos. Uma análise sanguínea que tem como objetivo determinar os níveis de PSA – Antigénio Específico da Próstata, em português – que é uma glicoproteína com funções específicas na próstata e que, quando detetada em valores elevados, pode ser um alerta cancerígeno. O presidente da Associação Portuguesa de Doentes da Próstata (APDP) indica que o despiste se aplica a homens com mais de 45 anos, ou com histórico familiar da doença, e deve ser realizado anualmente.

Pedro Madeira, médico oncologista, sublinha ainda a importância do seguimento médico adequado, seja no médico de família ou no urologista. “Há sinais de alerta relacionados com a saúde urológica, como impotência, alterações na micção ou sangue na urina.”

No entanto, a importância da análise regular prende-se com o cancro da próstata ser, em grande parte, uma doença silenciosa, como explica Joaquim Domingos. “Os males da próstata, no início, raramente dão sinais que façam o homem procurar um clínico.” Nas palavras de Pedro Madeira, médico no IPO de Coimbra e membro da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO), é uma situação “subclínica”, ou seja, que muitas vezes não se manifesta com efeitos detetáveis, nos homens com mais de 50 anos.

E, “como toda a doença oncológica”, acrescenta o especialista em oncologia, com o diagnóstico numa fase inicial, a mortalidade diminui. “O cancro da próstata, se for detetado numa fase precoce, é de caráter indolente.” E a taxa de sobrevivência ronda os 95%. A evolução no maior número de diagnósticos, indica Pedro Madeira, deve-se à maior acuidade no diagnóstico, detetando-se casos que, antes, passariam despercebidos.

Apesar do exame regular ser de realização simples, há ainda relutância na adesão. “Não há facilidade em aceder ao exame por mitos associados à próstata e a problemas com a masculinidade, em específico com a impotência”, conta Joaquim Domingos. O presidente da APDP lembra que, aos 50 anos, idade em que se deve começar o despiste regular da doença, “o homem está ainda em plena vida e sente-se acima desses problemas”. No entanto, assinala que a preocupação com o cancro da próstata e o diagnóstico precoce aumenta nos casos em que há hereditariedade ou pessoas próximas diagnosticadas.

“Mostre um cartão vermelho ao cancro da próstata” é a nova ação inserida na campanha “Homens bem informados”

A ação “Mostre um cartão vermelho ao cancro da próstata” assinala o Dia Mundial do Combate ao Cancro da Próstata, celebrado a 17 de novembro. Até às 20 horas, promotores vestidos de árbitros vão estar na estação de metro do Cais do Sodré, em Lisboa, a distribuir cartões vermelhos com informação sobre a patologia. “O que se pretende é ligar os cuidados que o homem tem de ter com a próstata ao facto de grande parte dos homens ter relações de simpatia com um desporto como o futebol”, sintetiza o presidente da APDP, Joaquim Domingos, acrescentando que foi escolhida a figura do árbitro por ser isenta e conhecer as regras.

A ação, desenvolvida pela APDP, com o apoio da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, da Associação Portuguesa de Urologia e da SPO, pretende “pôr o cancro da próstata fora de jogo”. A iniciativa vem no seguimento da campanha “Homens Bem Informados“, que tem “como objetivo promover um maior conhecimento e esclarecimento sobre o cancro da próstata com a disponibilização de conteúdo informativo”.

Joaquim Domingos alerta que, “em Portugal, morrem por ano mais homens de cancro da próstata do que mulheres por cancro da mama”. Apesar da realidade dos diagnósticos, Pedro Madeira lembra que esta não se reflete na preocupação dos pacientes. “Temos a ideia de que a mulher tem mais cuidado com a sua saúde e o homem se escuda mais em relação a isso.”

O médico oncologista sublinha que é necessário dar a conhecer aos homens a relevância de um diagnóstico precoce, a existência de rede que podem ajudar em caso de cancro da próstata e desmistificar o tratamento. “Mesmo em relação à cirurgia, as taxas de efeitos secundários são cada vez menores”, afirma Pedro Madeira.