“Am I in Porn”, um site contra a pornografia de vingança

“Am I In Porn?” é um site de busca para descobrir se aparece em sites pornográficos na internet

A publicação online de imagens íntimas sem autorização é um crime que está a aumentar. As vítimas têm agora uma forma de descobrir.

Yannick Schuchmann, Lukas Henseleit e Jonas Schnabel, três alemães, sempre sonharam usar a tecnologia para mudar a vida das pessoas para melhor. Um objetivo patente no projeto “Am I in Porn”. Sensibilizados pelo caso de uma amiga, em 2018, embarcaram no desafio que está a ajudar milhares de vítimas de pornografia de vingança – um crime que aumentou significativamente durante o confinamento.

“Vimos o impacto que pode ter, sobretudo nas mulheres”, as principais lesadas, diz Yannick Schuchmann, de 29 anos, perito em programação informática. A partir das valências de cada um, nasceu a plataforma de reconhecimento facial que permite uma busca de conteúdos em sites pornográficos. Requer apenas uma fotografia do rosto, posteriormente eliminada do sistema, e em poucos segundos os resultados são enviados por email. São procuradas semelhanças em todos os vídeos disponíveis no Pornhub. Essas semelhanças são analisadas e convertidas em probabilidades e os links dos vídeos em que há mais semelhanças com a imagem submetida são enviados para que a visada os possa conferir. Caso se trate de pornografia de vingança, o “Am I in Porn” pode ajudar a remover o conteúdo.

O primeiro protótipo foi lançado há pouco mais de um mês, após um longo percurso marcado por burocracias, e o site está já em pleno funcionamento. “Investimos muito dinheiro e continuamos a investir”, salienta Yannick Schuchmann. O serviço cobra dois euros pela pesquisa, embora a intenção seja torná-lo gratuito. Até à data, o pedido de ajuda financeira enviado a governos e a associações não teve retorno. Limitações orçamentais e de tempo impedem que outras plataformas de conteúdos pornográficos sejam integradas na pesquisa, além do Pornhub.

Atualmente com 12 elementos, desde estagiários a voluntários, a equipa trava uma batalha pelos Direitos Humanos no universo online. “Queremos dar controlo às pessoas”, afirma o jovem fundador. “No futuro, gostava de ter uma aplicação que me alertasse sempre que a minha imagem fosse usada numa plataforma e que me desse a escolher entre autorizar ou proibir.”

As denúncias pelo uso indevido de imagens íntimas sofreram um aumento significativo por todo o Mundo durante o confinamento. Em Portugal, a Associação de Apoio à Vítima contabilizou 1 164 processos na Linha Internet Segura, entre os meses de janeiro e dezembro do ano passado. Na Alemanha, foi aprovada uma lei que permite requerer ao tribunal a eliminação dos conteúdos íntimos que o(a) ex-companheiro(a) tenha na sua posse após o fim da relação.