Susana Romana

A quarentena, as eleições e Marcelo Rebelo de Sousa

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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Ora portanto cá estamos, qual Marty McFly do “Regresso ao Futuro”, de volta a março de 2020. Tanta coisa com a passagem de ano para 2021 para ao fim de duas semanas estarmos de volta à casa de partida sem direito a ganhar dois contos.

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O número de novos casos e de mortes tem subido vertiginosamente desde o início do ano e há consenso entre os especialistas que a culpa terá sido das celebrações do Natal. Primeiro houve Bacalhau Com Todos, agora há Vírus Pra Todos.

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Mesmo com um novo confinamento, as presidenciais vão manter-se para o próximo domingo, dia 24, já que não é constitucionalmente possível adiar o sufrágio. Eu acho que é a solução perfeita para a abstenção. Se vai ser a única voltinha que vão poder dar ao domingo, lá estarão os portugueses batidos. Ponham uns ovos mexidos por 7 euros junto ao boletim e até conta como brunch.

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Marcelo Rebelo de Sousa assustou a nação ao anunciar que dera positivo à covid-19. Mas depois deu que era negativo. E depois deu que era negativo outra vez. E depois deu que era sagitário com ascendente em peixes.

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Por causa de toda esta confusão de diagnósticos, Marcelo ficou irritado com as autoridades sanitárias por não lhe porem por escrito com toda a certeza se podia ir ao debate com todos os candidatos na RTP. É que a DGS não era clara, dizia que se pode mas não se deve, parecia uma certa pessoa a referir-se à legalização do aborto no referendo de 2007.

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O resultado acabou por ser um debate com Marcelo a entrar a partir de casa, confinado a um enorme televisor onde deu as suas soluções para o país – curiosamente a fazer lembrar um outro Marcelo e as suas “Conversas em família”.

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Posto isto, o debate foi basicamente várias pessoas a berrarem com um televisor. Parecia a minha avó a ver a telenovela e a gritar com a vilã. Mas sou sensível a isto de berrar com eletrodomésticos, eu também tenho uma relação tensa com o meu micro-ondas que aquece o prato e deixa a comida gelada. Suspeito que isso também não respeita a Constituição.

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Última nota para Donald Trump, que esta quarta-feira vai deixar de ser presidente dos Estados Unidos e nem vai à tomada de posse do sucessor. Deve estar ocupado a construir uma nova rede social que o aceite, tipo aqueles telefones de duas latas unidas por uma guita. Ou, no caso do seu tipo de discurso, duas sanitas talvez seja melhor.