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A moda das “hard seltzers”: lobo em pele de cordeiro?

Fotos: Ilustração: Vecteezy.com

Pure Piraña, Phunk e Selza. Já são três as marcas de “hard seltzer” à venda no país

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Best-seller nos Estados Unidos, as novas águas gaseificada com aromas e álcool estão a entrar em força no mercado português. Já há pelo menos três marcas a vender a bebida que explora o lado saudável do consumidor. Nutricionistas alertam para riscos de imagem enganadora.

As “hard seltzer” são uma nova bebida alcoólica que, a medir pelo exemplo norte-americano, promete fazer furor entre os jovens. Têm poucas calorias, sabor a frutos mais ou menos exóticos e contêm entre 4% e 5% de álcool. “Leve”, “pouco alcoólica”, “com ingredientes naturais”, “sem açúcar”, “100% vegan” – o lado saudável da bebida que está em todas os slogans publicitários. O que já faz soar alertas.

A Ordem dos Nutricionistas (ON) avisa que “a imagem que se tem vindo a construir em torno das bebidas designadas ‘hard seltzer’, com uma tónica bastante marcada nas questões do perfil nutricional, com sabor a fruta, diversão, arrojo, pode induzir o consumidor em erro acerca da sua real composição nutricional e ingredientes, bem como ao seu modo de produção e, acima de tudo, o seu efeito na saúde”. A bastonária da ON, Alexandra Bento, salienta que é importante esclarecer, em particular os mais jovens, que se trata de “uma bebida alcoólica” e não de “uma água gaseificada, nem um refrigerante”.

O posicionamento das marcas como uma alternativa saudável – “comunicando de forma mais evidenciada aos consumidores a presença de água gaseificada e o menor valor energético e comunicando com menor destaque a presença de álcool” – preocupa porque “estas alegações podem liberalizar os consumos desta bebida alcoólica”, acrescenta a ON, notando que o consumo de álcool é um dos principais fatores de risco para a mortalidade e morbilidade na população portuguesa. “A evidência científica mais atual revela-nos ainda que não existe nível seguro ou que minimize impacto na saúde no que respeita à ingestão de bebidas alcoólicas, independentemente do tipo de bebida”, refere a ON.

Pure Piraña, Phunk e Selza. Já são três as marcas de “hard seltzer” à venda no país. A primeira entrou há cerca de um mês no mercado, pela mão do grupo Heineken. Com sabor a lima-limão ou frutos silvestres, a Pure Piraña contém 4,5% de álcool e 92 calorias por lata. Já está à venda em supermercados e cada unidade custa 1,59 euros.

A Phunk foi criada em Portugal por Duarte Froes, advogado de 27 anos que importou a ideia dos Estados Unidos. Sem glúten, açúcares adicionados e com poucas calorias, a Phunk pretende responder a “uma preocupação crescente do consumidor” que aposta no estilo de vida saudável. A bebida está disponível em quatro sabores – mirtilo, lima e gengibre, manga, cereja – e vende-se no site da marca. Cada pack de 12 latas de 25 cl custa 24 euros.

Foi também após uma viagem aos Estados Unidos que dois amigos, Pedro Maia e Rui Santos, decidiram criar a Selza. Num mercado em que não tem havido grande inovação, viram nas “hard seltzer” a opção “saudável” que vai ao encontro das preocupações do consumidor, apostando em ingredientes naturais e portugueses. A Selza pode ter os sabores lima-hortelã ou manga. Está à venda no site da marca por 22 euros cada conjunto de 12 latas de 25 cl.

Além da Heineken, há outras grandes marcas a entrar no negócio. A Coca-Cola já tem a sua “hard seltzer” à venda em vários países, a Topo Chico, que deverá chegar a Portugal este ano.