
Como este objeto “vintage” teve um papel importante no processo de empoderamento da mulher.
Os primórdios da máquina de escrever são uma folha rasurada. É difícil precisar quando foi inventada. A primeira patente terá sido concedida ao inglês Henry Mills em 1713, mas mesmo isso é nebuloso: como não havia grandes informações, ainda hoje paira a dúvida se estaria em causa uma máquina de escrever. Já o historiador inglês Michael Adler garante que a primeira máquina de escrever documentada foi fabricada em 1808 por um nobre italiano chamado Pellegrino Turri. Nobre foi também o motivo na génese da criação – a possibilidade de se corresponder com uma amiga cega.
Quanto à primeira máquina realmente produzida em série e utilizada em diversos escritórios, apareceu por volta de 1870 e foi fabricada na Dinamarca, pelo diretor do Instituto Para Cegos e Surdos de Copenhaga. Skrivekugle foi o nome de batismo e estima-se que hoje ainda existem no Mundo umas 30. E se quisermos viajar até ao início da indústria da máquina de escrever? Teremos obrigatoriamente de falar da Sholes & Glidden e de Christopher Latham Sholes, o mentor da mesma e do famoso teclado QWERTY. É certo que mesmo esta máquina não foi um sucesso imediato – porque era cara, porque apresentava problemas técnicos, porque se escrevia sobretudo à mão, etc. -, mas assim que surgiram os primeiros operadores dessas máquinas (mulheres sobretudo, as datilógrafas) a produção disparou, até pela necessidade de uma maior rapidez e uniformidade da escrita. Do setor comercial aos serviços, das repartições públicas aos bancos e aos escritórios. Ou como um objeto “vintage” foi, afinal, um importante instrumento no acesso das mulheres ao mercado de trabalho. E à sua consequente emancipação.
