A Lemonade e os chapéus pela liberdade e sustentabilidade

O caráter social é um forte pilar da marca de chapéus artesanais

A marca de acessórios portugueses Lemonade assenta no comércio local e na tradição, nasceu a 25 de abril e já abriu caminho à internacionalização. O objetivo é fazer parte da mudança.

Nem todos os projetos que terminam têm um desfecho negativo. A Lemonade nasce de um negócio falhado com o objetivo de procurar a mudança no Mundo. Com os pilares de liberdade, igualdade e sustentabilidade bem definidos, os ideais estão presentes em cada um dos produtos. O lema da marca é simples: “Quando a vida lhe der limões, esprema-os e faça uma doce limonada”. De preferência, à sombra dos chapéus da Lemonade.

A grande inspiração de Sílvia Silva foi o álbum homónimo, da artista norte-americana Beyoncé, pela sua forte componente de luta pela igualdade. Para a fundadora e responsável da Lemonade, também o nascimento do negócio, a 25 de abril, é simbólico e representativo dos valores que quer transmitir nas peças que vende.

Os produtos são modelos tradicionais, “com centenas de anos”, refere Sílvia Silva, que tem o seu papel de designer na conceção final das peças, em pormenores como a cor ou os acessórios a acrescentar. Chapéus de feltro, boinas de linho, bonés de algodão, panamás em sarja, chapéus de palha. Variedade não falta, com “artigos duradouros e de excelente design”.

Ajudar o comércio local era essencial e, por isso, “não fazia sentido procurar fornecedores lá fora, o que podia ser mais vantajoso a nível financeiro, mas não coincidia com os valores a passar”. Procurar o artesanato local foi a escolha óbvia para a gaiense, que desde o primeiro negócio ficou apaixonada pelo processo de produção de chapéus. “É encantadora a forma como ainda são feitos.”

A Lemonade procura ter práticas sustentáveis desde a escolha de matérias-primas à composição da embalagem. O algodão advém de stock morto de outras marcas, ou seja, é desperdício reciclado para confecionar novas peças. A lã tem certificado de produção sustentável. O plástico é banido de todos os processos de produção.

O caráter social é um forte pilar da marca de chapéus artesanais. Cada peça vendida converte-se na doação de um euro à Associação Portuguesa de Portares de Trissomia 21. O problema diz muito a Sílvia Silva, que tem uma irmã com a mesma condição, e o objetivo da designer gráfica de 31 anos é ter uma marca feita “não só de palavras, mas de ações”. Um dos exemplos é também a presença de pessoas portadoras de trissomia 21 na campanha publicitária.

Levar ao Mundo um produto muito português é uma das metas da marca, que logo no primeiro mês conseguiu fazer vendas para o México e para a Austrália. O futuro da Lemonade é a diversificação, “para não ficar presa aos chapéus”. A próxima novidade será uma bolsa.

Campanha publicitária conta com portadores de trissomia 21, uma causa que é apoiada pela marca de chapéus artesanais