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A História que os vasos nos contam

O vaso perdeu importância e estatuto (Foto: Freepik)

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Recipientes com múltiplas funções eram decorados com pinturas que são verdadeiras fontes de informação sobre a Grécia Antiga.

Alabastro, ânfora, hídria, cântaro, cratera, cílice, lécito, lutróforo, enócoa… Afinal, do que estamos a falar? De vasos. Vasos da Grécia Antiga com as mais variadas formas e funções, em cerâmica e com desenhos pintados que são verdadeiras fontes históricas. Retratam cenas do quotidiano ou da mitologia, contam hábitos e crenças daquela civilização que viveu há mais de dois mil anos e deixou um legado inestimável. Se hoje um vaso serve tão só para colocar flores, na antiguidade tinha várias funções. Na ânfora, recipiente alto com duas asas laterais, guardava-se água, vinho, azeite e mantimentos secos. E na hídria, com uma terceira asa atrás para ajudar a despejar o conteúdo, apenas água. Era na cratera, vaso de boca larga, que os gregos diluíam o vinho com a água e usavam a enécoa, um jarro mais pequeno, para servir a bebida em taças (cílice). Já o lécito e o alabastro, com os seus gargalos estreitos que restringiam o fluxo, eram usados para colocar perfume, um hábito de higiene com milhares de anos. Também havia vasos específicos para rituais. É o caso do lutróforo, usado para transportar a água do banho da noiva antes do casamento. Também era comum colocar-se um lutróforo, feito em pedra, no túmulo de quem morria solteiro.

Nem todos os vasos de cerâmica usados na Antiguidade eram pintados ou decorados. Acredita-se que estes eram exclusivos da classe mais rica que, além da funcionalidade, gostava de exibir a beleza das peças. Com o passar dos anos, as pinturas caíram em desuso e as funcionalidades foram-se perdendo. Salvo raras exceções, o vaso passou a mero recipiente de flores, de cerâmica ou plástico. Perdeu importância e estatuto num Mundo em que quase tudo é descartável.

Lutróforo proto-ático (c. 680 a.C.), à mostra no Museu do Louvre