É uma doença crónica, não transmissível, pode ser assintomática, e o sal é o principal inimigo. Até 24 de maio, a campanha de sensibilização "A hipertensão não pode usar máscara" está nas farmácias portuguesas.
A hipertensão arterial é um problema grave e sério e potencia, a longo prazo, riscos de enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência renal e, por vezes, está associada a casos de disfunção eréctil. É uma doença crónica não transmissível que, de forma direta ou indireta, regista a maior taxa de mortalidade e morbilidade no Mundo e em Portugal. Um consumo elevado de sal, falta de atividade física, ausência de uma dieta equilibrada, e o tabaco, não são nada recomendáveis. Neste momento, apenas uma em cada cinco pessoas tem a sua tensão arterial controlada. É um desequilíbrio bastante significativo.
Manuel Carvalho Rodrigues, médico cardiologista no Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira, na Covilhã, ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH), avisa que não se trata de uma patologia exclusiva das pessoas mais velhas. “Este é um problema que nos acompanha ao longo da vida e que pode aparecer em qualquer altura. A hipertensão arterial é uma doença silenciosa, podendo nunca manifestar sintomas e, como tal, é crucial manter hábitos saudáveis desde cedo, sendo que a hipertensão deve ser acompanhada desde a adolescência e ao longo da vida”, refere.
A hipertensão aumenta o risco de enfarte, AVC, insuficiência cardíaca e insuficiência renal
A 17 de maio assinala-se o Dia Mundial da Hipertensão. A Sociedade Portuguesa de Hipertensão e a Associação Nacional das Farmácias, com apoio da Medtronic, lançam a campanha de sensibilização “A hipertensão não pode usar máscara” entre os dias 17 e 24 de maio nas farmácias do país. Uma campanha para difundir o conhecimento sobre a hipertensão e incentivar a população a medir a pressão arterial com regularidade. Para não “mascarar” a hipertensão. É esta a mensagem. Até porque, durante a pandemia, a medição da pressão arterial deixou de ser feita com regularidade.
A prevenção começa por melhorar o estilo de vida, uma vez que a prevalência desta doença está associada a hábitos diários. “Medir a tensão arterial é a única forma de podermos saber se somos ou não hipertensos. Já a sua medição regular permite-nos manter uma adequada vigilância dos valores, bem como monitorizar o controle nos doentes a fazerem medicação”, adianta Manuel Carvalho Rodrigues. A pressão arterial elevada tem consequências graves e morbilidades perigosas.
A hipertensão arterial é um dos fatores de risco de complicações e mortalidade nos doentes infetados com o vírus SARS-CoV-2
Estima-se que cerca de 50% dos doentes não aderem à toma diária de medicação para o controlo da hipertensão. No entanto, segundo o médico, “para haver um tratamento adequado é também necessário que seja realizado o diagnóstico e posterior seguimento regular da doença.” “Em tempo de pandemia, muitos portugueses deixaram para segundo plano a medição regular da pressão arterial. Aliando isto a uma maior dificuldade em marcar consultas, uma vez que as atenções se centraram no combate à covid-19, muitas pessoas poderão ter agora os seus valores descompensados”, alerta.
Mesmo em tempo de pandemia, o acompanhamento da tensão arterial pode ser feito nas farmácias, de forma segura e profissional, sem listas de espera e com horários de atendimento alargados. E há mais um dado relevante: cerca de 25% das pessoas com tensão arterial elevada não sabem que a têm. “Isto é agravado pelo facto de a hipertensão ser muitas vezes assintomática, o que justifica a importância de ter como hábito a medição regular da tensão arterial”, repara o cardiologista.