A fuga de Rendeiro, a eleição de Moedas e o discurso de Greta

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.
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As eleições autárquicas foram há uma semana, mas os cartazes dos candidatos, qual ex que nos continua a melgar no WhatsApp, continuam por aí. Suspeito que as pessoas encarregues de os tirarem são daquelas que deixam a árvore de Natal ficar até junho.
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A maior surpresa foi que Carlos Moedas ganhou Lisboa. Se fosse Carlos Lingotes de Ouro estava mais perto daquilo que é necessário ter para comprar uma casa na capital.
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Moedas não vai ter a vida fácil. A maioria dos vereadores são de Esquerda. Esperam-se reuniões de câmara que serão réplicas de intermináveis reuniões de condomínio, daquelas em que ninguém se entende sobre quem deve pagar a pintura do saguão (ou se o saguão deve ser um airbnb para a Web Summit).
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Este resultado é complicado para o PS, até porque Medina perde a aura de sucessor de Costa. Neste momento, até o extinto Seguro dava mais para líder do que Medina. Ou um esquentador a gás, pronto, que tem mais carisma do que qualquer um deles.
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Outra questão destas eleições foi quão longe ficaram alguns resultados daquilo que estimavam as sondagens. Mas eu cá não estranho. A malta que vai para Métodos Quantitativos é sempre a malta que tinha nega a Matemática.
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João Rendeiro, o antigo banqueiro condenado em três processos a penas de prisão, fugiu do país. E como é que sabemos os detalhes? Ele explicou tudo no seu blogue. Um blogue? Mas estamos em 2005? Que coisa tão Carrie do “Sexo e a Cidade”. Se bem que neste caso era mais “Chuveiro e a Choldra”.
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O Governo anunciou a extinção da task force da vacinação contra a covid-19. Sinto-me como no último dia da Expo 98, a dizer “foi tão lindo, não foi?” e “temos imenso jeito para organizar estas coisas”.
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Greta Thunberg discursou num encontro de jovens em Milão e disse estar a ficar impaciente com o “blá-blá-blá” sobre o clima (palavras da própria). Percebo e concordo, mas acho que a sueca errou na onomatopeia. As coisas no clima não mudam por causa do “ca-ching! ca-ching!” das caixas registadoras. Há muito dinheiro em jogo.