Texto de Pedro Emanuel Santos
O verão bate à porta, a temperatura começa a fazer subir o mercúrio dos termómetros para números simpáticos, o sol é cada vez mais chamariz aliciante, as férias estão marcadas. Parece tudo perfeito, não parece? Mas pode não ser, se tiver no espelho de casa o inimigo principal, o objeto que lhe revela sem filtros os quilos e o volume a mais.
O que fazer quando falta tão pouco tempo para os dias de sonho há muito aguardados e que não se querem traídos por um corpo que se desejava mais em forma? Há milagres para em tão pouco tempo reverter o que durante o ano foi sendo adiado? A resposta é sim, mas com bastantes reticências e alertas sublinhados a tinta grossa para que uma possível loucura não se transforme num desastre potencialmente irreversível para a saúde.
“É sempre possível perder peso. Não se pode é exigir demasiado, sobretudo tendo em conta que a distância para o verão é tão escassa”, garante o médico Fernando Póvoas, especialista de décadas em métodos dietéticos para quem sofre com as agruras da balança.
O segredo está no bom senso, seja homem ou mulher – o assunto não faz distinção de género. Ninguém com peso excessivo em relação ao aconselhável deve ter esperança num corpo de sonho com o calendário a acelerar a alta velocidade rumo à praia.
“É possível perder até cinco quilos num período de tempo tão curto, mais do que isso não é aconselhável em termos médicos”, define Póvoas.
Mesmo quem está dentro destes limites terá sempre de observar cuidados especiais que não deverão ser descurados, possuir uma força de vontade para lá dos limites e guiar-se pelo método. “A motivação e a disciplina são fundamentais. Assim como as regras a seguir.” E que regras são essas, Dr. Fernando Póvoas?
“Fazer cinco refeições por dia e não saltar nenhuma delas. Com uma filosofia clara: fazer um pequeno-almoço de rei (evitar leite e beber chá, cevada ou café, comer fruta, duas nozes, um ovo cozido, flocos de aveia e queijo fresco, por exemplo), um almoço de príncipe (carne ou peixe grelhados acompanhados apenas com salada ou legumes) e jantar de pobre (uma salada e sopa de legumes sem batata e cenoura).”
Os hidratos de carbono, como arroz ou batatas, “estão proibidos”. Quando muito poder-se-á abrir uma folga “esporadicamente ao almoço”, refrigerantes “nem pensar”, bebidas alcoólicas “só ao fim de semana” e é obrigatória água, muita água, “entre 1,5 a dois litros por dia”.
A acrescentar a estas exigências alimentares, um corpo mais próximo daquele com que sempre sonhou para o verão não vai lá só com uma dieta rigorosa. O exercício físico é fundamental para oferecer à sua compleição física os moldes desejados.
Rafaela Gouveia é personal trainer e todos os anos se depara com os dramas de quem procura tornear o corpo numa nesga de tempo. “Geralmente é a partir de meados de março que a maior parte das pessoas se apercebe que só faltam três meses para o verão, o que significa praia, sol, calções e tops. Essa noção traz sentimentos contraditórios de felicidade pela aproximação das férias e de angústia pela busca do corpo perfeito de verão”, explica.
Mas há um sem número de exercícios que podem ser realizados para se alcançar o que se deseja, até mesmo em casa. “Sempre com responsabilidade. É fundamental.”
“O ideal são treinos de curta duração durante os quais são aplicados estímulos de alta intensidade, intercalados por recuperações de baixa intensidade ou até paragens.” Rafaela Gouveia garante que esta é “uma boa estratégia para a redução da gordura corporal”.
Se a opção passar por treinos ao ar livre, o melhor é escolher “corridas de dez minutos com séries de outros exercícios pelo meio”. O exagero é de evitar, “porque a quantidade não é sinónimo de qualidade.
Fica, no entanto, o aviso de que “os resultados demoram a aparecer e para se tornarem mais duradouros implicam uma consistência de rotina de treino”.
Por isso, já sabe: toca a mexer o corpo e a alimentar-se com qualidade. Só assim poderá (ainda) sonhar com um corpo perfeito para a praia. Sem exageros e com muita cabeça.
