Um refúgio entre tachos a caminho da final

Leonor Barros, oito anos, não deixou de ajudar a mãe, Ana Cristina Sousa, a cozinhar durante a pandemia

A pandemia forçou o adiamento da final do Brincar na Cozinha com Teka, mas não suspendeu as experiências dos mini-chefs na cozinha. De norte a sul do país, as quatro famílias arregaçaram mangas para confecionar novas iguarias e preencher os dias de confinamento. Na casa de Catarina Morais, a cozinha transformou-se num laboratório para ultrapassar a monotonia. Do forno saíram os mais variados bolos, pães, croissants e gomas saudáveis para deleite da filha Mafalda.

“Não levam açúcar nenhum e podemos comer as que quisermos”, diz a pequena. “Fartámo-nos de cozinhar. Já se nota no botão das calças”, acrescenta a mãe, em tom de brincadeira.

Em Vila Real, onde vivem, a produção não ficou apenas para proveito da família. Até porque, salienta Catarina Morais, “uma fatia de bolo com um chá alegra qualquer coração”. “Moramos num prédio com muitas pessoas idosas que acabaram por ficar muito sozinhas. A verdade é que provávamos o bolo e o resto era tudo para distribuir”, recorda.

Na casa de Catarina Morais e da pequena Mafalda, combateu-se a monotonia com bolos, pão e croissants

A doçaria era entregue à vizinhança pelo terraço, mantendo o distanciamento social. Com a prima, Mafalda trocou cartas. Pelo correio, enviou-lhe uma receita para preparar croissants, um verniz e uma pulseira. Na volta, recebeu uma caneta com brilhantes.

Em Vieira do Minho, a dupla Happy Family também dedicou mais tempo à volta do fogão. “Comemos e engordámos mais”, admite Ana Cristina Sousa. A filha, Leonor Barros, ajudou sempre. Desde a preparação de piza ao batido de leite e fruta. “Também brinquei, falei com a minha amiga e agora tenho ido andar de bicicleta à noite”, conta a menina, de oito anos.

Rumo a sul, criatividade não faltou entre os Gonçalves. A família replicou um jogo gastronómico para estimular e pôr à prova o olfato, o paladar e o tato. À hora da refeição, os alimentos eram preparados por um dos quatro elementos do agregado. Sentados à mesa com os olhos vendados, cabia aos restantes a tarefa de adivinhar o que estavam a degustar. A ideia partiu de Inês Gonçalves. Foi a primeira a apoderar-se da cozinha. Fez massa fresca com couve roxa e molho de carbonara. Seguiram-se as iguarias da mãe, do irmão e do pai.

A família Gonçalves usou o confinamento para um jogo gastronómico que pôs à prova olfato, paladar e tato

“Foi interessante e divertido de se fazer”, garante Vera Gonçalves. Fora da cozinha, bordaram um arco-íris para a varanda e coseram 30 máscaras reutilizáveis a pedido da Junta de Freguesia de Pechão, onde vivem.

Para a equipa Cook L&L, composta por mãe e filha, as aventuras entre os tachos começaram com a preparação do banquete para a Páscoa. Pela primeira vez, assinalaram a data em casa sem o piquenique com a numerosa família. “Fizemos pão, o folar e a bola doce”, enumera Helena Fernandes.

Helena Fernandes e a filha, Lara, fartaram-se de meter as mãos na massa ao longo dos últimos meses

A filha apreciou o processo de fabrico do pão e dos bolinhos de coco. “A Lara gosta de meter as mãos na massa. Ainda bem que já podemos ir dar uns passeios e umas caminhadas porque tem sido bolos todos os fins de semana”, desabafa.

Desafio final

Paris Brest, piza de legumes com aproveitamentos, língua da sogra e pavlova de frutos vermelhos foram as quatro especialidades que conquistaram o paladar dos jurados nas duas semifinais do Brincar na Cozinha com Teka. Para a derradeira etapa, o júri deixou um desafio: as equipas devem cozinhar uma receita saudável, aproveitando produtos da época. O repto não caiu no esquecimento e as famílias estão a aprimorar as receitas. Catarina Morais e Mafalda Castro começaram pelos peixinhos da horta. Ao invés de fritar, a dupla quis inovar e assar o preparado no forno. Após várias tentativas sem os resultados pretendidos, mãe e filha ponderam agora arriscar numa nova iguaria. “Ficava sem graça nenhuma. Vamos apostar numa comida tradicional portuguesa”, avança Catarina Morais.

A família Gonçalves promete surpreender com dois ingredientes: farinha e ovos. “Só sabemos que queremos fazer massa”, realça Inês Gonçalves.

Legumes e batata-doce serão as apostas de Ana Cristina Sousa e Leonor Barros. “Já fizemos a receita várias vezes para experimentar”, assegura Ana.

Já o preparado da família Cook L&L, deverá centrar-se nos cogumelos. “É uma coisa que apreciamos bastante. Mais eu e o meu marido. A Lara gosta de fazer, mas não é o prato de eleição dela”, revela Helena Fernandes.

Regulamento

Estão apuradas as quatro famílias que vão disputar a grande final do passatempo Brincar na Cozinha com Teka. Paris Brest, piza de legumes com aproveitamentos, língua da sogra e pavlova de frutos vermelhos foram as quatro especialidades que conquistaram o paladar dos jurados nas duas semifinais. Os finalistas regressam a Lisboa, no dia 19 de setembro (data sujeita a confirmação, devido ao período excecional que se atravessa), para lutar pela vitória. O melhor prato será premiado com uma viagem da agência Abreu, no valor máximo de três mil euros, e um vale de dois mil euros em eletrodomésticos da Teka. As restantes sete finalistas recebem um voucher de mil euros, também em eletrodomésticos.