Um descafeinado? Sim, por favor

O processo de descafeinização exige a utilização de grãos verdes para permitir a extração da cafeína (Foto: PxHere)

O tempo frio aumenta o desejo de bebidas quentes. Os preparados sem cafeína podem ter os mesmos benefícios que o café, sem aumentar a ansiedade e o refluxo ácido - e as opções vão-se multiplicando.

Pensado para quem apresenta uma sensibilidade especial ao efeito estimulante da cafeína, o descafeinado não abre mão dos aromas do café em todo o esplendor. Além disso, qualquer que seja a modalidade, “inúmeros estudos validados por neurocientistas dos quatro cantos do Mundo concluem que tem um importante papel de proteção de doenças neurodegenerativas – Parkinson, Alzheimer e outras demências”, reconhece Maria José Barbosa, assessora da gerência da marca Sotocal Cafés, que se dedica à produção e comercialização de descafeinado em grão e unidoses, com sede no Porto.

O processo de descafeinização exige a utilização de grãos verdes para permitir a extração da cafeína. Apesar de existirem vários métodos, a técnica natural com água é a que se destaca, embora seja bastante dispendiosa. Nela, os grãos são mergulhados em água muito quente para dissolver a cafeína. Depois de retirada, a água é passada por um filtro de carvão ativo cuja porosidade é dimensionada para capturar apenas as moléculas maiores de cafeína, permitindo que as moléculas menores de óleo e sabores passem por si. Os grãos terminam sem cafeína e sem sabor e são descartados. Porém, a água é rica em sabor e reutilizada para remover a cafeína de um novo lote de grãos de café. O resultado é uma descafeinação sem perda massiva de sabor.

“Por ter menos percentagem de cafeína, a espécie arábica é a mais utilizada”, salienta Diogo Amorim, consultor responsável pel’A Loja do Café, especializada em marcas de descafeinado premium italiano e nacional, nos formatos grão e cápsulas, em Vila Real.

Em casa, as máquinas de café têm presença obrigatória, e a cápsula surgiu para suprir a necessidade de chegar rapidamente à chávena, em doses individuais e de fácil utilização. Porém, pegar na cafeteira, colocar a água a ferver, abrir o pacote de café descafeinado e misturar o pó, colher a colher, é um gesto com ressonâncias familiares. “A intensidade do gosto depende do terroir, mas também do processamento após a colheita, além da torra e da extração”, sublinha Diogo Amorim. Com ou sem açúcar, o descafeinado fica ao gosto do freguês.