Uísques vindos do Oriente

Garrafas de uísque japonês The Chita e Nikka, à venda na Whisky & Co, uma garrafeira especializada no comércio deste tipo de bebidas (Foto: Reinaldo Rodrigues/Global Imagens)

Nikka, Suntory, Mars. É provável que estas marcas de uísque não lhe sejam estranhas. São japonesas, avançam cada vez mais nas preferências dos portugueses e guardam história e segredos que as tornam especiais.

“É verdade que não são muito diferentes dos escoceses, que foram a sua principal fonte de inspiração. No entanto, os uísques de marcas nipónicas têm algo de diferente”, sublinha Luísa Gonçalves, proprietária da Whisky & Co, em Lisboa. “São menos turvados, a levedura usada é diferente e o processo de destilação é realizado através de técnicas de baixa pressão, o que ajuda a manter um número maior de aromas e uma textura mais fina e leve.”

Com o aumento de marcas disponíveis no mercado a preços convidativos, há quem comece a preferi-los aos uísques tradicionais. “É um fenómesno relativamente recente, com pouco mais do que dois anos. De então para cá as vendas dispararam, até no mercado online. E houve edições especiais que tiveram um impacto muito interessante”, confirma Ana Ferreira, da Garrafeira Tio Pepe, no Porto. “São uísques que, ao contrário dos usuais, conseguem um leque de sabores bastante alargado. É quase como provar vinho de diferentes vinhas.”

Afinal, como é que o uísque se tornou quase imagem de marca do Japão, país que, aparentemente, nada tem que ver com uma bebida associada à terras da Escócia, da Irlanda ou do Tennessee (EUA)? O grande responsável chama-se Masataka Taketsuru (1894-1979), que no início do século passado foi estudar para Glasgow e lá se enamorou por uma local e pelo… uísque. Taketsuru percorreu as destilarias e nelas absorveu as principais técnicas de produção. Quando regressou ao país natal, na década de 1930, fundou a fábrica de uísque Dai Nippon Kaju K.K, mais tarde rebatizada como Nikka. “Ele não alterou nada do que aprendera na Escócia e todo o processo técnico de fabricação dos uísques japoneses acabou por ter a inspiração dos scotches”, explica Luísa Gonçalves. E, assim, do Oriente nasceu uma tradição que vai ganhando adeptos Mundo fora.