Trump, o BFF de José Sócrates e a ministra da Saúde
Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.
Foi um dos momentos da semana: o primeiro debate entre Trump e Biden. Vou já admitir que não vi, pelo mesmo motivo que não vejo o Big Brother – fico facilmente irritada por ver pessoas com o QI de uma bancada de inox a discutir sem se ouvirem.
O debate é já considerado o pior de sempre da democracia norte-americana. E eu recordo que até houve uma vez, em 2012, em que, num congresso republicano, o ator Clint Eastwood debateu com uma cadeira vazia. Caramba, eu preferia debater com um bidé de uma pensão na zona do Marquês a debater com o Trump.
Desafiado a condenar grupos supremacistas brancos, Trump limitou-se a dizer-lhes “stand back and stand by” (qualquer coisa como “afastem-se e aguardem”). Se o querem ver a revoltar-se a sério com um nazi é escolher um que por acaso também trabalhe nas Finanças.
Tudo isto porque o “The New York Times” publicou uma investigação que conclui que o presidente dos EUA pagou apenas 750 dólares em impostos no ano em que venceu as eleições e outros 750 dólares no primeiro ano na Casa Branca. Mais: em dez dos 15 anos anteriores, Donald Trump não pagou qualquer imposto ao Governo Federal, alegando ter perdido muito dinheiro. Coitado, espero que o Carlos Santos Silva lhe dê a mão.
Até porque se o BFF de José Sócrates resolvesse ser caridoso com Trump, tinha a tarefa mais facilitada do que teve com o nosso ex-primeiro-ministro. Para começar, não tinha de andar a gastar 100 mil euros em livros do compincha. O Trump não sabe escrever nem no motor de pesquisa do PornHub.
Por cá, têm existido pequenas manifestações de chalupas que acham que se pode escolher acreditar ou não na pandemia, como se fosse a Fada dos Dentes. “Aquilo é tudo uma intrujice só para alguns ganharem guita à pala de papalvos.” Queridos negacionistas, acho que estão a confundir as máscaras com aquelas pulseiras da Power Balance.
Marta Temido, ministra da Saúde, foi convidada do Dia de Cristina. A boa notícia: Cristina Ferreira não lhe fez nenhuma pergunta sobre “os dentinhos” nem a tentou convencer a colocar o Calcitrin no SNS. A má: Temido teve de levar com uma cover dos Xutos & Pontapés cantada por duas pessoas que ficaram em 18.º lugar do Chuva de Estrelas em 1995.
A canção escolhida foi o “À Minha Maneira”, a preferida da ministra. Que curiosamente foi o problema que teve com a agora ex-secretária de Estado da Saúde Jamila Madeira: querer tudo à sua maneira.
