2014, processo de contratação de Fernando Santos. Tiago Craveiro tenta avaliar junto da FIFA se o castigo ao futuro selecionador – suspensão por oito jogos -, em apreciação no Tribunal Arbitral do Desporto, iria ser revisto. Cansado de esperar pela resposta, irritado, passa à ação. “Não temos peso algum. Zero, e isso tem de mudar”, diz a Fernando Gomes, presidente da FPF. Em pouco tempo, giza e declara a candidatura de Luís Figo à Presidência da FIFA. Surte efeito: um dia após o anúncio, Joseph Blatter, topo da cúpula, telefona a Fernando Gomes, preocupado.
O trabalho na candidatura de Figo chama a atenção de Michel Platini que, nesse verão, convida Craveiro para a sua campanha. Quando o francês cai, por suspeitas de corrupção, é a vez de Gianni Infantino pedir ao português para liderar a equipa, totalmente portuguesa, que o irá ajudar na eleição para presidente da FIFA.
Tiago Craveiro raramente fala de si ou aceita ser entrevistado. “Um líder involuntário, que gosta de estar na segunda linha”, resume o social-democrata Pedro Duarte, que em 2004/05, então secretário de Estado do Governo de Santana Lopes, o escolhe para chefe de gabinete. Master em governação desportiva, o desagrado pelos holofotes não lhe inibe o gosto pela ação. Segundo Fernando Gomes, “pensa fora da caixa”, procurando projetos sempre realistas, que leva a bom porto. Como a Liga das Nações, obra sua. Responsável pela realização da final da Liga dos Campeões em Lisboa, e nos moldes em que decorrerá, considerado pela “FCBusiness”, revista de referência europeia no setor, a 26.ª pessoa mais influente no futebol mundial desde 2004, é obsessivo com o detalhe. “A quem trabalha com ele pode até parecer picuinhas, que está apenas a implicar. Não. É mesmo perfeccionista”, sublinha Pedro Duarte. Fernando Gomes reforça. “Extremamente exigente para consigo próprio. E para com os outros. Nesse sentido não é fácil trabalhar com ele. As pessoas têm de pedalar muito para o acompanhar”, diz do seu braço-direito.
Não tem filiação partidária, o futebol não lhe suscita grande paixão (é um moderado adepto do F. C. Porto). Admite até o desconhecimento do jogo e, por isso, procura rodear-se de quem sabe do ofício. E de quem lhe acrescente diferentes pontos de vista. Preocupado em colocar as novas tecnologias ao serviço da FPF, tem na “capacidade de antecipar e resolver problemas” uma das maiores mais-valias.
Fernando Santos conhece-o há seis anos. “É competente, muito organizado. Solidário. Não abandona o barco. Muito inteligente, não é preciso gastar com ele muito latim.”
Licenciado em jornalismo, muito metódico, toma notas diárias em pequenos blocos. “Regista tudo o que se passou durante o dia. É uma espécie de um diário. Tem manancial para vários livros”, observa Fernando Gomes. Um dia escreverá. Os amigos sabem que tenciona reformar-se cedo. E que, sendo determinado, é bem capaz de cumprir. “Mas também é verdade que precisa de adrenalina. Passará para novos desafios”, prevê Pedro Duarte. Fernando Gomes vê-o “consultor importante numa grande organização internacional, porque tem competência para isso”. Fernando Santos concorda. “O Tiago terá sempre à sua espera um cargo importante na UEFA.”
Tiago Moura Pacheco Coelho Craveiro
Cargo: CEO da Federação Portuguesa de Futebol
Nascimento: 05/06/1975 (45 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Porto)